Ao vivo - Aula 15 - Conforto e crescimento

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Nós adoramos um conforto, não é mesmo? Muitas vezes passamos grande parte da vida lutando por ele, buscando o conforto em muitas coisas - tudo isso porque fizemos a ligação equivocada que desconforto é sofrimento e, portanto, precisamos evitá-lo a qualquer custo. A grande questão é que o desconforto aparece e, quando paramos de evitá- lo e percebemos que ele faz parte da vida, descobrimos que ele tem função. E como tem!

 

Função de bússola, o desconforto nos avisa para onde ir e para onde não ir, o que está #taruimpramim e nos ensina o que não é, o que não queremos. Nos alerta a respeito de situações e nos possibilita construir relações onde estejamos considerados e o outro também. Nos mostra quando somos violência e desconsideração com o outro. A consciência do desconforto nos ajuda a fluir pela vida respeitando os sinais. Faz sentido? Nos coloca na cara quando fazemos algo para sermos amados, quando alimentamos a persona e o quanto isso nos custa. O desconforto e a dor contam do que há em nosso coração. Muitas vezes entramos em sofrimento mas percebam o quanto o sofrimento também nos aponta a um questionamento de que toda essa dor não deveria estar acontecendo.

 

Lembre-se, a dor e o desconforto nos colocam frente a frente em nossa vontade de agirmos como Deus em nossas vidas. Queremos tirar, controlar, resolver. O convite é para ouvir, viver e aprender. Quando aprendemos a ouvir nosso desconforto e dor percebemos quantas informações preciosas dizem a nosso respeito. Há abertura para o aprendizado e o sofrimento que acompanha a dor e tanto resiste a essa realidade da vida não acontece mais com tamanho peso. Os relacionamentos vertical, horizontal e com si mesmo são tomados por aprendizado, amor, humildade e vulnerabilidade. E a relação com Deus , com si mesmo , com a vida e com o outro deixam de questionar a dor ,e passam a focar em quem eu me torno ao vivenciar essa experiência porque compreendemos que a dor faz parte e tem seu propósito; quebrantar nosso coração.

 

Os desconfortos que vemos nos nossos filhos funcionam da mesma forma, mas perceba o quanto nosso foco, muitas vezes, é tirá-los de lá. Lembre-se da ultima vez que você acompanhou seu filho desconfortável. É muito comum sair da nossa boca: “Já passou, não foi nada, distração, vamos comprar um sorvete etc.” Imagine você poder dizer: “eu sei, é ruim mesmo, mas estou aqui com você. Eu sinto muito.” Depois disso, o que vemos acontecer é o passar que tanto queríamos. Passa porque realmente passa quando sentido,

 

quando a informação foi recebida e quando nos encontramos no acolhimento. Não passa porque não foi tirado ou foi distraído. Nesses casos, como o aprendizado dificilmente acontece, os desconfortos normalmente se intensificam.

 

Quando encontramos com o outro na dor, de um lugar de quem também sente a mesma coisa, podemos acolher, estar junto. Desse lugar, novos recursos e possibilidades surgem. É incrível. Nesse acompanhamento, o que demonstramos é a fé na vida que há nesse outro. Fé na capacidade de aprender, fé na capacidade de voar. Confiança total na vida que habita esse corpo aprendiz. Fé de que há um relacionamento com Deus também e o cuidado amoroso também esta lá.

 

Na nossa tentativa de controlar e garantir, estamos na realidade não confiando na vida. Estamos confiando na morte, na não-capacidade de aprender e muitas vezes fazemos isso porque não queremos que eles sofram porque, no fim, somos nós que não queremos sofrer. Nesse amor da maternidade e da paternidade, se considerarmos o que a vida deles diz sobre nós, a chance de tentarmos controlar essa vida para não nos machucarmos se torna nossa meta principal.

 

O ponto é que não controlamos. Podemos encontrar, acompanhar, aprender junto, ensinar o que já aprendemos. Podemos sempre cuidar da nossa responsabilidade de entregar 100% do nosso melhor possível, mas precisamos convidá-los ao 100% de seu melhor possível também. Isso é convite à reponsabilidade de quem sabe que para toda escolha há consequências e que quem vive as consequências é, primordialmente, aquele que escolhe. Vivemos essa condição em nossa vida e nossos filhos também.

 

Quando o processo de educação toma essa postura, paramos para compreender os desconfortos. Eles são mensagens importantes a respeito da caminhada em nossa condição humana de imperfeitos que somos, mas como é bom termos a certeza de que somos amados e do quanto jamais estivemos, estamos ou estaremos sós.

 

“Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. “

1 JOÃO 4:19

 

Com amor, Dani