Daniella Freixo de Faria
Psicóloga infantil
Aula 1. Introdução - A lupa em Você/ Persona
Bem vindo/a,
Estou muito feliz com a sua presença aqui. Espero que você sinta, o mais rápido
possível, todo o acolhimento desse espaço. Organize-se para os encontros ao vivo,
pois eles são muito importantes. Planeje-se para participar deles pelo menos uma vez
por semana - se puder comparecer em todas as oportunidades, será melhor ainda.
Vamos começar com as algumas perguntas?
O que te fez procurar o curso? Você veio em busca de um lugar de solução? De
conseguir dar conta de tudo o que não tem conseguido? Espera encontrar dicas para
resolver suas questões e fazer tudo andar “nos trilhos” na educação das crianças?
Procura garantir que tudo dê certo na vida dos seus filhos e não quer que eles sofram?
Assim você também não sofreria, certo?
E as suas estratégias de educação? Elas não estão mais funcionando? Já tentou
de tudo e, mesmo assim, ele não te obedece? As coisas não melhoram?
Você tem sentido um vazio como mãe ou pai? Exaustão? Tem vivido muitas
explosões em casa com as pessoas que mais ama?
Ah, esse lugar... Eu também vivi e vivo o mesmo desafio que você. Apesar de
pensar que estava dando conta de tudo e todas as coisas estavam sob controle, percebi
neste processo que eu experimentava a expectativa de tudo perfeito, seguido de toda
a exigência em cima de mim e dos outros. Muita frustração e violência saía de mim
quando essa conta não fechava mais.
Desde o momento que vivi esse colapso, toda minha vida se transformou.
A primeira coisa que me aconteceu foi o surgimento do sentido maior da minha
vida: eu me rendi e o meu relacionamento com Deus se transformou por completo
pela sua Graça e bondade. Desse lugar de amor e autoconhecimento, pude finalmente
amar o próximo.
A proposta desse curso é exatamente essa: colocar uma lupa em você, no seu
coração.
Sabemos de tudo o que os outros precisam melhorar. Sabemos de tudo o que
os outros erram. Sabemos de tudo o que não gostamos nos outros. Não nos
percebemos, no entanto, nesse lugar de quem também desrespeita o outro de
inúmeras formas, de quem também é falho e imperfeito.
Vamos colocar essa lupa dentro de nós: vamos nos olhar profundamente, tendo
a certeza de que já somos muito amados. Desse lugar de humildade, olharemos para
o outro do lugar de quem também é falho e aprendiz.
Essa caminhada que se inicia hoje tem como objetivo a fala de David Powlison:
“O anseio de aprender a amar e compreender substitui o desejo de ser amado e
compreendido. “
Perceber esse olhar no processo de educação faz toda a diferença, pois nos
percebemos aprendizes como nossos filhos, maridos e esposas. O erro não está
somente no outro, assim como a falha também não. Vamos aprender juntos no
acolhimento desses momentos. Estaremos em uma caminhada onde o aprendizado de
fato acontece e as transformações podem ser vistas em nossos comportamentos.
Talvez o processo de educação como compreendido hoje nos convide, mais do
que nunca, a dar conta, a ser perfeito em nossas ações para a perfeição dos nossos
filhos. Estamos cada vez mais exigentes com as expectativas cada vez mais altas, cada
vez mais distantes de nossos filhos e desenvolvendo neles a ideia de que precisam ser
diferentes do que são para serem merecedores de amor.
Você também passou por isso: também entendeu que tinha que ser de
determinada forma para ser merecedor de amor. Hoje em dia, quem você pensa que
tem que ser para ser merecedor de amor? Porque vivemos isso com nossos filhos?
Porque vivemos isso conosco. É o que vamos ver.
Te convido para essa atividade: Escreva em uma folha de papel quem você
pensou que tinha que ser para merecer amor. Escreva tudo que lembra de ter virado
condição para você, desde a sua infância.
Terminou? Que bom! Agora... Amasse a folha (mas não a jogue fora)! Perceba
o quanto tudo isso não é você, mas sim quem você tem se esforçado enormemente
para continuar sendo nesses últimos anos. Perceba o quanto foi você que foi achando
que tinha que ser tudo isso através das experiências vividas.
Agora, faça uma flor com esse papel amassado.
Será que amamos os outros nessa busca por amor ou estamos buscando
sempre sermos amados?
Perceba que ao construirmos a persona (essa pessoa que pensei que tinha que
ser para ter amor), fomos nós que tiramos as conclusões, por nossas próprias
experiências, de quem tínhamos que ser. Perceba o quanto esse movimento acontece
na intenção de preenchermos de amor esse vazio que existe em nós.
Quem você pensou que tinha que ser para ser merecedor de amor? Perceba o
quanto você já é amada/o, mesmo na sua imperfeição, o quanto essa vida repleta de
controle, exigências e expectativas de perfeição esta dentro de você. Vamos em
frente? Vai valer muito a pena.
Venha no nosso encontro ao vivo. Estou te esperando.
Com amor
Dani
Aula 2. O que fazemos conosco?
Nesse encontro, gostaria de te propor um exercício: resgate na sua memória as suas
últimas explosões. Talvez tenha acontecido com seu marido ou esposa ou com as crianças.
Lembrou?
Retome agora os momentos anteriores a explosão: perceba exatamente como
começou a sequência de situações onde você foi se desconsiderando e apenas considerando
o outro. Consegue localizar? Perceba todo o desconforto que você sentiu naquele
momento... Consegue localizar no seu corpo? Ali você estava recebendo o aviso de que
algo estava #taruimpramim mas, ao ignorar, você seguiu em frente e foi ficando pior e
você seguiu em frente, até que a explosão veio com toda a sua irritação e descarga.
Traga essas situações no nosso encontro ao vivo. Vamos abrir cada uma delas para
percebermos a necessidade apresentada dentro de você e o quanto a explosão surge na
sequência de plena desconsideração de si mesmo - apenas a consideração do outro,
seguida da criação imediata de uma expectativa gigante, transformando-se em exigência
sobre o outro quando a carga fica pesada dentro de nós. Consegue perceber?
Vamos aprender essa ferramenta do escaneamento. A proposta é prestar atenção e,
ao invés de responder o sim automático ou não automático para qualquer demanda, pedido
ou situação, que possamos nos ouvir e nos considerar para, então, responder. Nesse
sentido, estamos cuidando para oferecer de fato o nosso melhor possível em pleno espaço
de consideração.
Sabe o que ajuda nesses momentos? Faça-se as seguintes perguntas:
• Posso fazer isso que está sendo pedido?
• Como poderia fazer o que me foi solicitado de um jeito que também fique bom
para mim?
• Estou me considerando e considerando o que o outro precisa com a minha
resposta?
• Nessa situação inesperada ou indesejada, como posso resolvê-la da melhor
forma possível ficando bom para mim e para o outro?
Depois do escaneamento, certifique-se de que o combinado está bom para você e
para o outro. E vá em frente.
Para esse processo, preste atenção ao desconforto: o que a raiva ou a irritação estão
te contando? Será que desse jeito você está se considerando? Escute-se e escute o outro.
Se cairmos na armadilha da alta expectativa, do tem que dar conta, com certeza a
desconsideração estará presente e, provavelmente, teremos explosão ali adiante.
Experimente esse caminho, faça o melhor possível. Lembre-se de que estamos sempre
aprendendo.
O espaço de consideração acontece. Note que, quando você se considerou sem
desconsiderar o outro, tudo fluiu mais tranquilo e a explosão não aconteceu. A consideração
estava presente. A sobrecarga não aconteceu.
Para esse processo, preste atenção ao desconforto, no que a raiva e a irritação te
contam sobre o que você está fazendo consigo mesmo. Na alta expectativa, exigimo-nos
dar conta - há então a desconsideração e a explosão. Nosso desafio é trazer a escuta ao
desconforto e criar espaço de consideração para que a explosão não seja a consequência
natural pelo simples fato de que não haverá sobrecarga.
O que podemos fazer diferente? Quem se colocou nesse lugar?
No espaço de consideração, nos consideramos sem desconsiderar o outro. É possível!
Venha no nosso encontro ao vivo. Estou te esperando.
Com amor
Dani
Aula 3. Momento atual / Autoimagem / persona
O excesso de informação é realidade nos dias de hoje e ele provoca seu efeito. Será
que percebemos esse efeito em nossa conduta e em nosso dia a dia? Vivemos uma
transformação do entendimento do que é ser criança desde a época dos nossos avós. As
crianças naquela época eram vistas como “miniadultos” - não havia um mundo todo voltado
para elas e suas necessidades. Conforme todo o conhecimento foi avançando, esse cenário
se transformou.
As crianças acabaram sendo colocadas no centro das famílias e, hoje, vivemos o efeito
da vida assim. Acabamos mais preocupados com o futuro e com quem essa criança precisa
se tornar para que tenhamos sido bons pais do que, de fato preocupados em viver o dia a
dia com a criança, inseridos no processo de educação que é movimento, um dia de cada
vez, e que é principalmente relacionamento.
Na expectativa de perfeição, de que não haja dor e somente felicidade, estamos
lidando com a vida sempre sob a régua do já deveríamos ser, do já deveríamos ter ensinado
nossos filhos para que eles já sejam o que esperamos que sejam. O aprendizado foi
colocado de lado e a altíssima exigência é colocada sobre todos nós: pais, filhos,
profissionais que lidam com as crianças, etc.
Esse mundo ideal que não chega nunca nos mantém aprisionados, exaustos,
pressionados e pressiona quem está a nossa volta. Ele nos mantém ativados na proteção
de nossa autoimagem e ativos na construção da persona.
Por persona, entenda como quem eu percebi que tenho que ser para ser amado, ter
valor, reconhecimento e pertencimento. Quem eu mostro para o outro para que eu seja
admirado, respeitado, amado, etc.
Confira abaixo o significado de persona:
“Persona (do latim persona) é a instância psíquica responsável pela interação entre o
ser e a comunidade de forma geral[1]. Ela e constituída em paralelo com o ego e com
a sombra, desde o inicio da vida. Na psicologia analítica de Jung, é ´uma espécie de
máscara projetada, por um lado, para fazer uma impressão definitiva sobre os outros,
e por outro, dissimular a verdadeira natureza do indivíduo´, a face social que o
indivíduo apresenta ao mundo.”
Nesse sistema com Expectativa e Exigência de perfeição ou do mundo ideal,
acabamos por acionar todo o nosso sistema de controle. Buscamos calorosamente controlar
tudo para que tudo fique como gostaríamos. Nosso valor nesse sistema está colocado no
resultado e não no processo. Nesse sentido, começamos a ver tudo sendo feito para que o
resultado esperado seja apresentado, afinal, essa autoimagem precisa ser garantida e
protegida.
Talvez a maternidade e a paternidade sejam um grande convite a transformarmos
essa realidade já que, por mais que tentemos, não temos como garantir que tudo sairá
perfeito com os nossos filhos. Somos convidados a viver a vida um dia de cada vez e a
aprender todos os dias com eles e com as ricas experiências que temos a oportunidade de
viver.
A garantia sai de cena porque percebemos o quanto ela realmente não existe e não
está no nosso controle ou ao nosso alcance. Somos convidados ao aprendizado, um
movimento que nos convida a perceber nossa imperfeição, nossa condição de falhos. Somos
imensamente convidados ao nosso melhor possível todos os dias - no fim, é o que temos a
fazer com toda a humildade e coragem em nossos corações.
Uma das maiores armadilhas é colocar nossa identidade ou nosso valor sobre nossos
filhos. Quem você é ou quem nosso filho se tornou diz quem sou como mãe ou como pai.
É um grande equívoco quando sabemos que eles, na sua condição humana, são tão
imperfeitos quanto nós, portanto, tão falhos quanto nós. Quando estamos nessa posição,
nos tornamos pais que pegam as falhas dos filhos como intencionais, algo pessoal, e
respondemos a eles como se fosse pessoal. Perceba quando o processo de aprendizado é
colocado de lado. Estamos mais preocupados com nós mesmos do que com a educação em
si.
Maternidade e paternidade são uma linda oportunidade de perceber o quanto não
estamos no controle, o quanto a vida dos nossos filhos não diz sobre nós. É convidar tanto
nós quanto a eles à responsabilidade dessa caminhada do que cabe a cada um. Não
garantimos, mas educamos. A parte de cada um é fundamental, tanto dos adultos quanto
das crianças.
"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a
vocês.
Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de
coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".
Mateus 11- 28:30
Venha para o encontro ao vivo, onde aprofundaremos todos esses conceitos!
Estou te esperando.
Com amor
Dani
Aula 4. Desconsideração e Poder
Grande parte do tempo, em momentos desafiadores dentro das nossas relações,
buscamos sempre o lugar de razão. Parece um lugar mesmo porque podemos olhar para o
outro com um poder, um lugar onde nos consideramos melhores, ou mais evoluídos, às
vezes apontamos os erros, julgamos e criticamos. Porém, tudo isso sem a percepção da
viga em nossa testa é plena ilusão de razão, distância e por que não, solidão.
Podemos mudar essa situação quando passamos a criar a possibilidade de escuta de
um lugar de imperfeição e humildade. Quando escutamos e somos escutados, podemos
perceber que todos têm seu ponto, mas, frequentemente, também cometeram erros, seja
na desconsideração ou no desrespeito. Desse lugar do EU TAMBÉM podemos criar novas e
melhores soluções num espaço de consideração que está sendo criado por todos os
envolvidos, e não mais de um lugar de razão que sempre acaba em desconsideração.
Estamos vivendo em conexão.
Nosso desrespeito acontece de diversas formas, de acordo com os nossos
temperamentos. Falaremos mais adiante desse ponto tão importante, mas, enquanto nos
mantivermos no lugar de razão, estaremos sós, defendendo nossas personas a todo custo,
disparando nosso sistema de defesa contra as pessoas que mais amamos e vivendo uma
guerra de onde ninguém sairá vitorioso. Sairemos mais sozinhos, mais exaustos, com cada
vez mais violência na forma como nos tratamos.
Normalmente temos total clareza do erro e da desconsideração que sai do outro e
gastamos toda a nossa energia numa briga eterna para fazê-lo perceber para muda-lo a
fim de que ele seja do jeito que queremos. Com a lupa voltada para fora, estamos
praticamente dizendo que o erro está somente nele e não em nós. Justificamos nossa
violência na do outro e o outro faz o mesmo. Conclusão? Guerra e solidão. Distancia e
exaustão.
Sem a escuta ao desconforto, ao invés de colocarmos nossas necessidades, culpamos
o outro pelo desconforto e o acusamos. Quando fazemos isso, o outro nos acusa de volta,
justificando seu comportamento sobre o que fizemos primeiro e assim por diante. Ninguém
cuida do que faz e só está de olho - a lupa está em cima do que o outro fez. Desse jeito,
necessidades não se tornam conhecidas para aquele que fala e muito menos para quem
ouve. A distancia se mantem.
A arrogância e a soberba crescem em nosso coração porque, ainda protegendo a nossa
autoimagem, chegamos à conclusão que só eu posso resolver / fazer / garantir. Com isso,
criamos em nosso sistema familiar, principalmente em nossos filhos, a folga, a
irresponsabilidade. O pensamento vigente torna-se um só: “Porque fazer se tem alguém
para fazer para mim?”
Uma vez mais saímos da possibilidade do aprendizado e entramos na tentativa de
garantia e controle. O ponto é que esse lugar, de fato, não existe. Quando, nessa tremenda
desconsideração, o limite chega, vem com ele toda a desconsideração pelo outro e a famosa
explosão de cobrança sobre tudo que o outro já devia ter feito ou tudo o que o outro já
devia saber de quão ruim essa situação está para você.
Ninguém aqui em nossa humanidade imperfeita é adivinho. Ninguém sabe o que se
passa no seu coração e o que você precisa. A comunicação das necessidades é o caminho
para o processo de escuta acontecer e a possibilidade de consideração surgir. Nesse
movimento pendular, estamos todos conectados à persona e à nossa autoimagem e
desconectados de nossas reais necessidades e das pessoas que mais amamos. Através da
comunicação e da escuta do desconforto, poderemos transformar isso.
É difícil, mas podemos sair desse lugar. É preciso ouvir o desconforto, aprender sobre
as nossas necessidades e, com isso, comunicar ao outro sabendo que ele tem a escolha de
entrar em consideração ou não. Como assim “ou não”? Pois é: o outro passa a ser
responsável pelas suas atitudes e escolhas e não mais você. As escolhas do outro dizem
sobre ele e cabem a ele - e não mais sobre você. Mas as suas escolhas dizem respeito a
você.
Parece assustador, porém, posso te dizer por experiência própria: pedidos são mais
bem recebidos do que cobranças e explosões. A disponibilidade do outro de considerar um
pedido é muito maior do que a resposta frente a uma cobrança. Na cobrança, exigimos,
nos defendemos e acusamos. No pedido, partimos de um lugar de humildade e
normalmente somos considerados e ouvidos. O outro, quando te faz um pedido, é a mesma
coisa: é gigante a disponibilidade em ouvir e buscar fazer o melhor considerando o outro.
Na cobrança, essa disponibilidade é zero. A energia disponível se volta para a defesa do
lugar de razão, ou de defesa para escondermos falhas.
Você percebe isso na sua casa? Na sua família?
Separe uma situação na última semana e analise se o que você recebeu foi uma
cobrança ou pedido. Depois, perceba se você fez uma cobrança / acusação / defesa ou um
pedido para essa pessoa do que você também precisava na situação. Traga para o encontro
ao vivo, pois é muito importante trazer sempre esses pontos para sua vida prática. Vamos?
Estou te esperando.
E para nos lembrarmos sempre da nossa imperfeição:
"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga
que está em seu próprio olho?
Como você pode dizer ao seu irmão: 'Deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando há uma
viga no seu?
Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco
do olho do seu irmão. “
Mateus 7-3:5
Venha para o encontro ao vivo, onde aprofundaremos todos esses conceitos!
Estou te esperando.
Com amor
Dani
Aula 5. Bater, grito, castigo e “se você” não funcionam
As antigas estratégias de educação alinhadas à criança com tanta voz em nossa
caminhada familiar são mesmo uma grande confusão. As crianças ganham poder e voz e,
depois, tiramos tudo isso delas na base do grito, do castigo, do “se você” e do bater. É
nítido que, nesse momento, estamos no auge da nossa tentativa de controle do quanto
queremos que eles sejam e ajam do jeito que queremos. Nesses recursos, claramente o
propósito é a retomada de controle e a garantia do comportamento desejado.
Tenho que te contar que, num primeiro momento, isso pode até acontecer, mas, no
momento seguinte, vamos precisar de mais grito, mais castigo, mais “se você” e mais tapa
para controlar o mesmo comportamento.
Isso acontece porque o aprendizado não acontece: a obediência vem do medo, do
susto, de forma não estruturada. A criança não sabe ao certo o que aconteceu porque não
acompanhou dentro de nós esse processo de desconsideração conosco mesmo e nosso
estouro sendo construído.
Essa é uma grande perda porque, a partir da expectativa de que a criança já deveria
saber, exigimos isso da forma mais ineficiente. Muitos vão dizer que esses momentos
surgem depois de repetirmos um milhão de vezes a mesma coisa, mas será que estamos
comunicando o quanto esta ruim para nós? O quanto estamos ficando irritados, o quanto
precisamos de ajuda, o quanto está insustentável? Normalmente não comunicamos nada
disso e, quando explodimos e aplicamos tais recursos, criamos a expectativa de que a
criança deveria entender que todo esse processo aconteceu dentro de nós.
Mas o ponto é: como ela poderia? Você consegue fazer isso em algum dos seus
relacionamentos? Eu não. Preciso que o outro me comunique porque não sou capaz de
prever, nem adivinhar, nem saber sem o outro se responsabilizar em me dizer. É o mesmo
com as crianças.
Mas reparem que muitas vezes as crianças perguntam: “Está tudo bem, mãe?” “Está
tudo bem, pai?” “Você está bravo(a)?” “Você está cansada(o)?” “Você chorou?”
Nessas perguntas, temos duas e somente duas possibilidades: mostrar o quanto
somos reais, imperfeitos e também sentimos ou protegermos nossa persona, a imagem
que eu quero que meu filho tenha de mim. Para isso, digo que não é nada. Logo depois,
estouramos colocando na criança ou na pessoa a culpa do nosso nervoso, justificando no
outro as nossas atitudes desrespeitosas.
Quando nos mostramos reais e imperfeitos, podemos pedir ajuda. Quando estamos
cheios de razão e protegendo a persona, estamos sós e temos, por nossa própria exigência,
que dar conta de tudo. Nossos filhos pensam que também têm que ser essa perfeição e
começam a tirar suas conclusões a respeito de quem eles têm que ser para serem amados.
Disparamos a construção da persona neles.
Amamos na imperfeição do outro porque somos a mesma imperfeição. Que bom
sermos amados na nossa imperfeição. Que alegria, quanta gratidão e paz... Que vontade
de fazer o meu melhor possível. A obediência e a relação com o outro passa a acontecer
de um lugar de respeito e gratidão de receber tanto amor, mesmo sem merecer. Podemos
viver essa realidade em nossas casas - mesmo com todos os momentos desafiadores,
podemos ser humildade e encontro de amor. Vamos?
Perceba seu desconforto e descubra a sua necessidade. O que você precisa do outro
para que fique bom para você e para ele? Venha no encontro ao vivo. Estou te esperando.
Com amor
Dani
Aula 6. Por que a mentira aparece?
A mentira aparece quando a persona precisa ser protegida. Isso acontece,
normalmente, de duas formas:
• Quando alguma falha acontece
Normalmente a mentira aparece como recurso utilizado para encobrir essa falha do
ser real e imperfeito que somos e apenas mostrar ao outro o que sabemos que é esperado.
Isso também acontece com as crianças. Isso mostra a dificuldade que nosso sistema
familiar apresenta em acolher e lidar com as falhas de todos nós. Tentamos manter as
aparências e colocar debaixo do tapete o que não convém.
• Quando nós adultos, não cuidamos da nossa escuta
Criamos um ambiente hostil para a verdade, por mais dura que seja. Nossa escuta
acontece com o ruído da expectativa e exigência. Distanciamos. Somos as pessoas que
mais amam as crianças e com quem elas mais podem contar, mas nos colocamos distantes
com nossa postura. Assumimos uma postura critica e repleta de julgamento.Isso leva a
criança a pensar que mentir pode ser uma melhor saída para encobrir sua falha ou a
situação indesejada pois ele quer evitar esse momento em nossa relação.
O grande ponto é que mentira tem perna curta. Que bom, porque a verdade sempre
aparece. Já reparou? Precisamos refletir em nossa responsabilidade nesse sistema onde a
mentira tem sido presente. Se não nos dermos conta da nossa própria imperfeição, da
nossa persona, do quanto também conhecemos esse lugar de proteção de autoimagem,
podemos, em grande hipocrisia, ao invés de acolher e aprender na situação, cair no
julgamento e condenação daquele que mente. Vamos corrigir sim. julgar e condenar não é
corrigir, mas prender o outro e a nós mesmos nessas posições. Já tinha pensado nisso?
A mentira fala de como anda a nossa relação. Com a mentira, estamos normalmente
distantes, preocupados em só mostrar o que achamos ser o esperado e dissimulando,
escondendo quem somos de fato. A mentira diz sobre todos nós, e não sobre o caráter de
alguém em específico, principalmente se esse alguém for uma criança em formação.
O outro ponto muito comum é a mentira presente / futuro. A pessoa mente para dar
um jeito de fazer o que quer sem desagradar o outro. Não visa esconder o que já passou,
mas esconder ou dissimular o que está por vir ou o que está vivendo no momento presente.
Tem a intenção de não desagradar o outro frente ao que imagina ser o esperado (persona),
mas ainda, num movimento de sempre consideração de si mesmo e desconsideração do
outro, mente achando que, se o outro não souber, não haverá problema. Ledo engano. A
desconsideração está lá e a mentira continua tendo pena curta - que bom. Mais cedo ou
mais tarde, a desconsideração aparece.
Novamente: como anda nosso espaço de consideração para criarmos juntos soluções
para esses momentos desafiadores? Se estivermos na plena consideração de nós mesmos
e desconsideração do outro, esse mesmo outro percebe a mentira como um caminho e, às
vezes, se justifica como sendo até necessário. A intenção, por incrível que pareça, não é
enganar, mas sim, não desagradar e fazer o que se quer. Acaba obviamente, enganando e
ferindo mas, se olharmos de perto, perceberemos que a intenção não era essa.
Quando cuidamos de como falamos, de ouvir nossas necessidades e também as do
outro de um lugar de imperfeição que somos, a mentira não é mais um caminho , pois o
caminho pela verdade, por mais desafiador que seja, se torna possível. A confiança de que,
juntos, encontraremos um lugar comum possível e um espaço de consideração de todos é
o Norte nessa caminhada pela verdade. A confiança na relação se fortalece a cada desafio
vivido.
Ao escolhermos o caminho do controle com os recursos utilizados de castigo, grito, “se
você” e o bater é importante que tenhamos claro que, além de a criança não aprender, ela
entende que o único “problema” na situação vem de nós. Essa visão é perigosa pois a
criança perde contato com a realidade e suas consequências.
A criança / adolescente perde total conexão com as consequências de suas escolhas
erradas, pois apenas se preocupa com uma coisa: meus pais não podem saber. A mentira
é muito utilizada nesse sentido para que a punição não aconteça. E o pior é que a criança
pensa que esse é realmente o resultado de sua escolha ou atitude. Perde de vista que é ela
quem vai viver a consequência direta de todas as suas atitudes. Fato da vida que acontece
com todos nós e que existe independente da punição vinda de alguém. A consequência
direta fica enfraquecida quando o castigo, tapa, grito e “se você” são a forma de punição.
O aprendizado na situação passa despercebido ou perde importância e se fragiliza.
Nosso desafio é criar espaço de escuta e mostrar sempre para as crianças o quanto
estamos juntos para ajudá-los a perceber as consequências reais que tais atitudes podem
trazer, tais como: Eu não acreditar mais em você, perder amigos, perder a liberdade
conquistada, etc.
Vamos trazer mais exemplos no encontro ao vivo? Me lembrem de dar o exemplo de
um menino já grande que pude acompanhar: ele se preocupava com os pais não saberem
e de como saímos desse lugar para uma relação de confiança e responsabilidade.
Com amor
Dani
Aula 7. Construindo e desconstruindo a persona
Já falamos bastante em como a Persona é construída e em como nossa identidade
pode estar identificada com a persona que construímos. Tudo isso busca tapar o vazio
existencial que vive dentro de cada um de nós. Seguimos em busca de ser quem
imaginamos ter que ser para sermos amados, reconhecidos, valorizados e para
pertencemos. Vivemos esse movimento porque acreditamos que, com tudo isso, o vazio
será preenchido, por isso buscamos a perfeição nas mais diversas áreas da vida.
Exaustos da escravidão criada por nós mesmos, às vezes nos colocamos como vítimas
e normalmente esperamos que todos mudem para que nossa situação possa se
transformar, porém, não percebemos o quanto fomos nós que nos colocamos nesse lugar.
Fomos nós que entendemos haver uma barganha horizontal ao longo da vida para
atingirmos o propósito de sermos amados e preenchidos em nosso vazio. Buscamos tudo
isso na construção dessa identificação com a persona construída e em cima do efêmero da
vida.
Isso não se sustenta e, por volta dos nossos 40 anos, ou até antes, começamos a
descobrir isso. A persona começa a quebrar e a se desconstruir quando não damos conta
de ser quem achamos que tínhamos que ser para ter amor, valor, reconhecimento e
pertencimento. Dói, mas este convite repleto de exaustão vem acompanhado de um estado
adoecido, ansioso, deprimido, etc.
Com toda essa experiência, podemos sair da posição de vítima e fazer a tão importante
pergunta que nos preenche de responsabilidade, humildade, novas escolhas e vida:
O que eu fiz com o que me aconteceu? Fiz isso porque estava em busca do quê?
O psicólogo e psicanalista Viktor Frankl apresenta em sua linha psicológica chamada
Logoterapia, a importante presença desse relacionamento vertical com Deus, o “suprasentido”
capaz de dar sentido à vida frente ao nosso vazio existencial. Em seu livro Em
Busca de Sentido, Frankl é desconstruído em toda a identidade que o sustentava e percebe
a natureza humana, capaz de construir uma câmara de gás, mas também capaz de, por
estar sustentado em Deus, enfrentar a morte de cabeça erguida. Victor enfrentou em sua
vida 3 campos de concentração.
Construir nossa identidade no que constantemente muda ou pode mudar é estar
sempre nessa insegurança e na presença desse vazio. Construir nossa identidade nessa
relação vertical, no supra-sentido, em um relacionamento pessoal com Deus, é
preenchimento e paz em toda e qualquer circunstância, como bem relatou o autor.
Esse é o convite que te faço, caso esteja sentindo o peso do sarrafo tão alto: abra seu
coração e cuide do supra-sentido na sua vida, o imutável e tão presente amor de Deus.
Humildade é o convite e, no processo de educação, somos instrumento e também estamos
aprendendo. Podemos agir como donos dos nossos filhos ou como embaixadores. As duas
coisas vão aparecer nesse processo tão vivo, mas será que damos conta? Será que
percebemos a diferença desses dois posicionamentos?
Vamos falar sobre isso? Te espero no encontro ao vivo.
Com amor,
Dani
Aula 8: Somos imperfeição - e nossos filhos também
Estamos sempre sob alguma “cosmovisão” de como entendemos o Ser humano, suas
questões e todas as indagações importantes da existência humana.
Significado de Cosmovisão
Substantivo feminino. Modo particular de perceber o mundo, geralmente, tendo em
conta as relações humanas, buscando entender questões filosóficas (existência humana,
vida após a morte etc.); concepção ou visão de mundo.
(Dicionário)
Citações abaixo pertencem ao livro do Heber Campor Jr.
“Uma cosmovisão é um comprometimento, uma orientação fundamental do coração,
que pode ser expressa com uma história ou um conjunto de pressuposições (hipóteses que
podem ser total ou parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas), que detemos
(consciente ou subconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a
constituição básica da realidade e que fornece o alicerce sobre o qual vivemos, movemos
e possuímos nosso ser“.
“Uma cosmovisão é, portanto, um esquema conceitual que contem nossas crenças
fundamentais [acerca de Deus, da metafísica, da epistemologia, da ética e da antropologia],
sendo o meio pelo qual nós interpretamos e julgamos a realidade”.
“Não são um sistema de pensamento, como teologias ou filosofias. Pelo contrário,
cosmovisões são estruturas perceptivas. São formas de se ver...Uma cosmovisão nunca é
meramente uma visão da vida. É sempre uma visão também, para a vida. Uma cosmovisão
então, proporciona um modelo de mundo que direciona seus adeptos no mundo. Ela
estipula como o mundo deve ser, e assim nos adverte a respeito do modo como seus
partidários devem se conduzir no mundo”.
“Para os nossos propósitos, cosmovisão será definida como a estrutura compreensiva
de crenças básicas de uma pessoa sobre as coisas”...Cosmovisão é uma questão de
experiência diária da humanidade, um componente inescapável de todo o saber humano e,
como tal, é não científica, ou melhor (visto que o saber científico é sempre dependente do
saber intuitivo de nossa experiência diária) pré-científica por natureza. Ela pertence a uma
ordem de cognição mais básica do que a ciência e a teoria”.
“Cosmovisão – ou uma “visão de mundo e vida”, como algumas pessoas dizem- é a
estrutura de entendimento que usamos para compreender o mundo. Nossa visão é o que
pressupomos. É a maneira como olhamos para a vida, é a nossa interpretação do universo,
a orientação para a nossa alma... Uma cosmovisão é as vezes comparada a um par de
óculos, mas talvez os próprios olhos sejam uma analogia melhor. Quando foi a última vez
que você reparou que estava olhando? Nós nem pensamos a respeito de ver; nós
simplesmente vemos e vemos o tempo todo. Semelhantemente, mesmo se nunca
pensarmos sobre nossa cosmovisão, nós ainda vemos tudo por meio dela e assim aplicamos
a nossa visão das coisas no modo em que vivemos”.
Você localiza sua cosmovisão? Localiza você aplicando sua cosmovisão tanto na sua
vida prática quanto no entendimento de tudo o que te acontece? Localiza se você e seu
marido ou esposa estão em cosmovisões parecidas ou completamente diferentes?
Muitos de nós quando perguntados não temos ideia de quais são nossas crenças
básicas, ou mesmo teríamos dificuldade em responder. Mas é possível percebe-las, pois
elas emergem rapidamente quando somos confrontados com situações práticas do nosso
dia a dia e perguntas sobre temas mais difíceis como: morte, política, disciplina com os
filhos, sexo, casamento, etc... Todos esses temas indicam, em suas respostas e postura
qual é sua cosmovisão. Ter cosmovisão faz parte do ser humano adulto. E no processo
educacional, estamos apresentando uma cosmovisão aos nossos filhos.
Tenho trazido para vocês o quanto o mundo a nossa volta está sempre nos
apresentando um convite a perfeição e o quanto a cosmovisão com a premissa da perfeição
muitas vezes está dentro de nós. A premissa do quanto nascemos puros e bons. É
importante percebermos, porém, o quanto essa premissa traz a possibilidade de nos
colocarmos como vítimas do que nos aconteceu frente à imperfeição dos nossos pais,
cônjuges, família, enfim, da vida vivida até aqui.
Mesmo para o processo de educação, a premissa da perfeição acaba por nos convidar
a uma exigência grande, já que tudo estava bom e perfeito até deixar de estar na vida e
no nosso relacionamento com os nossos filhos. Isso nos leva a uma tentativa de controle
por termos uma percepção de que tudo o que nossos filhos virão a sentir de ruim é nossa
culpa - por outro lado, tudo o que nossos filhos se tornariam de sucesso seria nosso mérito.
Percebe o peso desse lugar e o quanto, no processo de educação, isso pode convidar
nossos filhos ao lugar de vítima e irresponsabilidade?
Oscilamos entre dois lugares, mas note o quanto nos percebemos centrais, poderosos
e importantes. Isso não se transforma: queremos, no processo de educação, garantir que
tudo vai dar certo porque, se tudo der certo, nos vangloriaremos de nosso feito, já que não
queremos sentir o peso da vergonha e do fracasso se algo der errado. O peso aumenta
nesse lugar de forma gradativa, conforme temos noção de que não garantimos tudo como
pensávamos ou gostaríamos. O que podemos ter como propósito então? O melhor possível
com toda responsabilidade por isso e todo respeito por esse processo que pertence a todos,
pais e filhos.
Nessa premissa e perspectiva de perfeição, somos responsáveis por tudo e precisamos
da performance perfeita para que tudo de certo. Dando certo ou não, isso não dirá sobre
nossos filhos, mas sobre nós. Essa premissa de perfeição nos coloca em cada vez mais
exigência, expectativa, em muitas justificativas numa busca sem fim por manter nossa
autoimagem e tapar o vazio que pensamos ter sido formado em nosso processo de vida.
Na mudança de premissa onde somos imperfeição, onde nascemos imperfeitos e esse
é nosso coração, somos convidados à nossa responsabilidade, mas também convidamos o
outro à sua responsabilidade - todos fazendo o seu melhor possível e sabendo que estamos
aprendendo juntos a cada oportunidade, com a humildade de quem é aprendiz todo dia.
Fomos educados por pais tão imperfeitos quanto nós. Educamos filhos imperfeitos.
Essa consciência é importante para que não caiamos na armadilha da tríade “vítima / vilão
/ salvador”. Começamos a viver a responsabilidade do que eu fiz com o que me aconteceu
e, nesse sentido, temos nossa responsabilidade de aprender com o que aconteceu há dez
minutos atrás, ontem ou há dez anos para, amanhã, fazer o melhor possível com esse
aprendizado recolhido. Percebemos e conhecemos nosso coração e podemos, ao cuidar
dessa relação intima com o supra-sentido, a presença de Deus e Seu amor por nós,
podemos viver o amor e a humildade na imperfeição que somos.
A falha que vejo no outro, eu também vejo em mim. Esse é o tão importante convite
à humildade, ao melhor possível, ao arrependimento, ao perdão. Falhamos e vamos falhar
- isso nos mantém humildes e pequenos. É difícil, num primeiro momento, quando
queríamos controle e garantias, mas é bom que seja assim; caso contrário, logo estaríamos
novamente na arrogância, no controle, na prepotência, no se achar melhor e mais do que
o outro.
É importante percebermos como cada cosmovisão nos convida a uma forma de
compreendermos a vida, nossa responsabilidade, os acertos e erros e o processo de amar
e ser amado(a). A diferença é grande, o efeito em nosso dia a dia e entendimento de todos
os nossos desafios diários também. Esse é o convite que te faço com todo amor e respeito:
vamos falar sobre isso no nosso encontro ao vivo e aprofundar a diferença em nosso
cotidiano.
Na próxima aula perceberemos como a nossa imperfeição se apresenta de formas
diferentes em nossos temperamentos. Vamos?
Com amor!
Dani
Aula 9: Temperamentos e Violências
Existem várias formas de como a desconsideração que aqui chamo de violência
acontece. Culturalmente, estamos habituados a considerar violência apenas naquele
conhecido que sempre explode, fica vermelho, grita etc., mas será que é somente lá que
está a desconsideração?
Cada temperamento tem sua beleza, seus dons, habilidades, mas também seus pontos
desafiadores.
Quem É Quem? (FONTE: SOAR)
Dominante:
• Direcionado para resultados
• Fica entediado facilmente
• Gosta de desafios e mudanças
• Sua avaliação é baseada nas realizações
• Gosta de respostas diretas
• Detesta indecisões
• Possui autoconfiança elevada
• Gosta de arriscar
• Possui alta expectativa em relação aos outros e a si mesmo
• É rápido e impaciente
• Pode ser enfático e exigente
Extrovertido:
• Direcionado para as pessoas
• Prefere liberdade à detalhes e controle
• Usa bem a intuição
• É simpático
• É amigo
• Usa bem a linguagem verbal
• É confiante
• É persuasivo e carismático
• Age por impulso e emoção
• É autoconfiante e se auto-promove
• É entusiasta
• Encoraja as tomadas de decisão em equipe
Paciente:
• Gosta de eficiência e planejamento
• É tendencioso a relacionamentos profundos
• Não gosta de mudança de última hora
• Não gosta de conflitos, é um pacificador nato
• É bom ouvinte
• Gosta de se identificar com a empresa
• Deseja paz e harmonia
• Prefere um ambiente estável
• Busca a lealdade
• Importa-se com a equipe
• É metódico
Analítico:
• É organizado e voltado para o processo
• Tende a ser perfeccionista
• É sistemático nos relacionamentos
• Valoriza a verdade e a precisão
• Exige um alto padrão de si mesmo e do outro
• Tem a tendência a se preocupar
• Quer saber todos os detalhes e fatos
• Suas decisões são baseadas na lógica
• Não expressa sua opinião a menos que tenha certeza
• É muito consciente e busca a qualidade
• É racional e traça planos para resolver os problemas
Somos complexos, únicos e também influenciados pela nossa experiência. Imagine a
personalidade ou o temperamento como uma poção que mistura esses quatro elementos
em diferentes quantidades. A descrição de cada temperamento tem o objetivo de facilitar
o entendimento, porém, cada um de nós é a mistura desses elementos em diferentes graus.
As forças de cada traço de temperamento:
Dominante:
• Independente
• Agentes de resoluções criativas de problema
• gostam de direcionar o outro
• Orientadas a tarefas e resultados
• Visionárias
Extrovertida:
• Ótimas comunicadoras
• motivam as pessoas a agir
• promovem pessoas e ideias
• perspectiva positiva
Paciente:
• Trabalha bem em equipe
• confiável e leal
• boa ouvinte
• mantém um ritmo constante
Analítica:
• Detalhistas
• pensam sistematicamente
• usam lógica e fatos
• Justas e objetivas
• trabalham bem se estão sozinhas
Desafios de cada perfil de temperamento quando inflexíveis:
Dominante:
• Intimidador
• insensível
• impaciente
• mais preocupado com os resultados do que com as pessoas
Extrovertido:
• Desorganizado
• Não confiável em cumprir compromissos assumidos
• mais preocupado em manter as pessoas alegres do que alcançar as metas
• Falar
• menos e ouvir mais
Paciente:
• Indeciso
• indireto em dar orientações
• recusa a abordar temas difíceis
• Hesitante em implementar mudanças
Analítico:
• Demasiadamente perfeccionista
• Difícil de cumprir suas normas
• prejudica a criatividade pelo desejo de manter as regras e normas
• Foca menos nos fatos e mais nas pessoas
Quando entendemos que cada temperamento é um e não há certo ou melhor, temos a
possibilidade de sair do lugar da razão e encontrar o outro neste lugar de imperfeição.
Paramos de Justificar nossa violência na atitude do outro ou no temperamento do outro e
colocamos a lupa em nossas atitudes.
Perguntas importantes para esses momentos mais desafiadores:
• Na explosão, o que vai no meu coração? Será que sou capaz de perceber? Estou
com medo? Algo está muito ruim para mim? Consigo identificar?
• Como estou reagindo agora?
• Consigo nomear e reconhecer meu comportamento?
• O que as outras pessoas estão vendo e ouvindo de mim?
• O que eu não estou percebendo que está me deixando com raiva, tristeza,
ansiedade ou medo?
• O meu passado está me definindo?
• Estou justificado na minha violência na atitude do outro?
• Fico esperando o outro mudar para eu mudar?
Não se preocupe com a atitude do outro. Cuide das suas e uma linda mudança vai
acontecer em sua vida e na de sua família. Experimente e conte-me como se sentiu e que
desafios apareceram.
Com amor,
Dani
E para refletirmos:
“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração e o homem mau
tira coisas más do mal que está em seu coração porque a sua boca fala do que está cheio
o coração.”
LUCAS 6:45
OBS: Se quiser fazer o seu perfil de temperamento, entre no app Daniella Freixo de Faria
e adquira na loja.
Aula 10. Dor e desconforto
Dor e desconforto sempre comunicam uma necessidade. Nosso desafio é percebê-los
e colocar para o outro o que precisamos. Quando acusamos o outro, estamos falando com
quem esse outro já deveria ser, disparamos persona e o que virá do outro será resistência
e granada.
O Desconforto faz parte do nosso processo de desenvolvimento e aprendizado, faz
parte da nossa condição humana. Você consegue se lembrar de alguns momentos de
desconforto perante o novo, a frente de um desafio. Lembre-se do quanto ali havia um
processo e do quanto esse processo foi importante para o aprendizado, para o
quebrantamento de seu orgulho e arrogância de querer tudo de determinada forma,
normalmente a sua forma.
Em nossa atual situação cultural de busca de perfeição e plena felicidade, não estamos
nos informando com nossos desconfortos durante a caminhada de aprendizado. Focamonos
em tirar o desconforto na certeza de que ele é o problema que nos impede a felicidade.
Fazemos o mesmo com as crianças. Percebam, no entanto, que o desconforto nos
movimenta, nos tira da ilusão de controle ou da plena expectativa de vida perfeita e nos
faz arregaçar as mangas, trabalhar, vencer desafios internos e externos. Nos convida a
uma relação vertical com Deus já que somos, a cada dia que passa, convidados a perceber
a nossa condição vulnerável.
Quando buscamos salvar nossos filhos do desconforto, estamos desconectando eles
da tão importante bússola que é o desconforto para todos nós. Estamos dizendo a eles que
a vida sempre tem de estar plenamente confortável e que, nesses momentos, alguém
sempre resolverá suas questões. Não nos damos conta, mas fragilizamos a conduta frente
a vida dos nossos filhos quando fazemos isso.
Ajudá-los e acolhê-los nesses momentos, a partir de um lugar de quem também vive
isso, permite que o aprendizado aconteça junto e que a responsabilidade permaneça
ativada e viva. Além, da importante percepção da vulnerabilidade e do eterno estado de
aprendizado e relacionamento vertical com Deus.
Aprendendo a ouvir o desconforto, aprendemos a ouvir o que está #taruimpramim
#taruimprooutro e, com isso, recebemos clara informação de nossas necessidades. Esse é
o grande aprendizado e o grande acompanhamento que podemos dar aos nossos filhos.
Você está disposto? Eu estou e sigo na certeza desse amor maravilhoso por nós e na
sustentação em Deus para todo esse movimento.
Vamos, todos os dias, abrir comunicação, escuta e busca do espaço de consideração.
Vai valer a pena - e muito. Você vai ver.
Com amor,
Dani
Aula 11. A consideração de todos
“Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro”.
PROVÉRBIOS 27
A consideração é uma construção de todos para vivermos de forma que esteja bom
para todo mundo - não necessariamente “o que” acontece, mas muitas vezes “como”
acontece. Não fica pronto, trabalhamos nesse espaço de consideração diariamente com
perseverança e escuta.
Consideração não é atender tudo que o outro quer, fazer só o que o outro quer ou só
o que eu quero. A consideração é a construção do que está bom para você e para mim
também.
Quando nos damos a oportunidade de passar pela experiência com nossos filhos,
estamos mais perto da consideração porque o outro faz parte da construção de como as
coisas vão acontecer. Estamos todos convidados à reponsabilidade de cada um. Esse é um
trabalho diário, que não termina nunca.
Acredito que vivemos hoje dois medos comuns a todos nós como pais: Não quero
mimar meu filho, mas também não quero traumatizá-lo. Já sentiu isso?
Perceba o quanto esse ciclo de mimo e trauma acompanham as relações onde a
consideração de todos não está presente? Consegue perceber? Nos colocamos como pais
no lugar de responsáveis pela felicidade do filho e, nesse lugar, é provável que o mimo, o
agrado e o atender à criança apareçam. Entenda o mimo como a criança atendida: na
exaustão desse lugar que não se sustenta, ainda bem, explodimos - temos então o medo
da criança traumatizada. Agimos de um lugar de total poder, coisa que, no fim, não temos.
Precisamos do outro, da relação.
Seguimos com medo do futuro: não quero criar um filho mimado ou traumatizado.
Como fazer? O segredo está em perceber essa tentativa de controle e irmos para o espaço
de consideração e para escutar as necessidades de todos. Perceba que, quando mimo o
outro, normalmente estou na plena consideração do outro e total desconsideração de mim.
No mimo, vivemos o agrado, a busca da felicidade plena do outro, custe o que custar.
Queremos controlar isso. Perceba, porém, qual o propósito que, normalmente, é sermos
amados, garantirmos a felicidade ou a paz naquele momento, passando até por cima da
responsabilidade do outro para que isso aconteça. Na explosão e falta de respeito, a
princípio causadora de traumas, estamos na total consideração de nós mesmos e total
desconsideração do outro.
O ponto novamente é: qual o propósito? Queremos garantir que a criança será quem
eu quero que ela seja, normalmente buscando ser um bom pai ou mãe. Seguir oscilando
entre esses dois pontos dentro de um ciclo educativo que se alimenta é muito danoso,
principalmente no desenvolvimento de responsabilidade e no desenvolvimento do nosso
relacionamento. Perceba que, na tentativa de agradar e fazer a criança esquecer, quanto
mais mimo, mais explosão e, quanto mais explosão, mais mimo. Nesse ciclo, não
educamos, não convidamos à responsabilidade e não nos responsabilizamos pelo que sai
de nós. Estamos apenas tentando controlar por caminhos diversos, mas ambos ineficientes
e com o mesmo propósito: garantir que o outro será quem eu quero que ele seja e garantir
que eu seja visto como quero ser visto ou mesmo evitar que eu serei visto como não quero
ser visto. Faz sentido? Vamos sair dessa tentativa de controle por nós no fim do dia. É
possível! O caminho é ACOLHIMENTO, CONSIDERAÇÃO, RESPONSABILIDADE E PERDÃO.
Para evitar o controle pelo mimo, pergunte-se: está bom para mim desse jeito? Estou
tentando controlar no ou considerar? O mimo termina quando a tentativa de controle é
identificada e a consideração ao outro acontece sem que eu deixe de me considerar
também. Ai não é agrado, a criança não é mais colocada no centro do mundo, nem nós,
não é mais sobre a plena satisfação somente dela. Na consideração estamos convidados a
olhar o outro e a nós também.
Para evitar o trauma tão temido, coloque a lupa em você. Vigie o que sai daí de dentro
sempre: suas palavras, atitudes, julgamentos, olhares e, principalmente, suas intenções.
Caso tenha saído violência, desrespeito ou desconsideração, experimente perceber o
arrependimento disponível através da culpa e da vergonha que aparecerão e peça perdão.
Perceba a tentativa de controle aparecendo também.
Nós sempre aprendemos nessas situações e nossos filhos também. Na premissa do
quanto somos imperfeitos e falhos, temos sempre a oportunidade de aprender, mas
também de deixar crescer em nossos corações a humildade de quem se reconhece falho.
O perdão fala ao outro, mas também fala a nós mesmos essa verdade. Somos falhos, mas
hoje, conscientes disso. Pedimos perdão quando necessário. E que bom. A família se torna
mais unida, mais acolhedora e mais amorosa nesse processo.
No perdão, a humildade do quanto somos aprendizes reaparece. Nós nos encontramos
novamente desnudos de razão, controle e força. A relação com Deus cresce nesse processo,
porque paramos de agir como Deus nas nossas vidas e na vida dos que amamos.
Quebrantamos nosso orgulho e temos a oportunidade de limpar, renovar. A mágoa não
virá a se cristalizar. Podemos sempre pedir perdão em como falamos e sempre reafirmar a
necessidade do que precisamos. O outro é convidado ao mesmo movimento, em pedir
perdão também pelo o que lhe cabe.
Perceba o quanto a premissa da imperfeição e do nosso coração falho são importantes
para que isso aconteça. Se estivermos na persona e na exigência de perfeição, não
encontramos o outro porque consideramos que sabemos e controlamos tudo - inclusive o
outro. Peso pesado que sentimos até a realidade de nossa vulnerabilidade surgir
escancarada e o quebrantamento começar em nosso coração.
É importante perceber nesse processo que, toda vez que estivermos focados em não
traumatizar ou não mimar, estamos provavelmente no lugar de corrigir todos os cílios no
olho do outro sem nos darmos conta da viga em nossa cabeça. Estamos na persona em
busca de termos tudo controlado e certo para que tenhamos valor como pais. Estamos
fazendo de tudo para nosso sossego, valor ou para evitar a culpa do amanhã. Estamos na
ilusão do controle enquanto buscamos segurar toda a responsabilidade e colocar nossos
filhos no lugar de receptores. As crianças não são convidadas à responsabilidade do que
lhes cabe. É importante não perdermos de vista que somos responsáveis pelos nossos
100%, mas elas também são responsáveis pelos 100% delas.
Perceba que, fora desse lugar de tentativa de controle e dentro do espaço de
consideração e acolhimento, criamos um novo jeito de dizer sim e não. O novo está no
quanto sei como é receber sim e não também. Vem do quanto nos encontramos nesse
mesmo lugar. O Não com consideração vem com um “eu sinto muito que não dá para ser
assim. Se você tem outra sugestão ou eu tenho outra sugestão, vamos experimentar.” Não
andaremos perfeitos com nossos filhos, mas andaremos aprendendo e convidando-os ao
mesmo movimento. A responsabilidade cresce nessa caminhada.
A obediência nesse lugar vem por gratidão e por consideração. Vem sustentada na
relação de escuta, no respeito que criamos entre nós. Vem do lugar e da certeza de que
todos, independente de idade e temperamento, estão fazendo o melhor que podem com os
recursos que têm, além do fato de que estamos todos aprendendo sempre e todos os dias.
Não há nenhum de nós que já tenha chegado lá, naquele lugar chamado perfeição, lembrese
disso sempre.
Um dos nossos grandes equívocos é partir para parar a birra e o choro atendendo as
crianças, fazendo o que elas querem. Quando fazemos isso, estamos absolutamente
considerando eles e absolutamente nos desconsiderando, muito preocupados com o que
todos estão pensando sobre mim como mãe e pai. A criança aprende rapidamente que,
quando grita, chora e faz birra, lhe percebe rendido e consegue o que quer. Obviamente
esse comportamento vai crescer e a sua granada começa a sair cada vez mais cedo para
tentar controlar a situação ou passamos a evitar sair com as crianças também para evitar
a situação. Quando lembramos que todos estamos aprendendo e do quanto somos
imperfeitos, essa exigência se transforma em oportunidade de aprendizado para todos nós.
A ilusão de controle nos convida a esse pêndulo, à consideração do outro e desconsideração
de mim ou consideração de mim e desconsideração do outro. Mimo ou explosão.
A humildade de estar aprendendo nos traz a possibilidade de conhecer os disparadores
desse controle em nós e a possibilidade de aprender a ouvir o desconforto e apresentar
necessidades acolhendo os sentimentos, mas seguindo na direção necessária de
aprendizado. Há limites, portanto, mas de uma forma a trazer responsabilidade e
aprendizado e não pela expectativa e exigência do “já devia saber”.
Passos para a correção de qualquer comportamento na direção da construção do
espaço de consideração depois de um momento ruim ou frustrante, seja seu, do seu filho
ou de seu parceiro / sua parceira:
1. “Escaneie” antes de falar qualquer coisa: Eu também passo por isso hoje em
dia? Em seu contexto adulto, você certamente localizará essas situações. Depois
de reconhecer esse processo em você ...
2. Acolha a irritação, a birra, o choro, a reclamação: a expressão da necessidade
nem sempre vem em palavras, mas normalmente vem em choro, birra, grito, etc.
Para acolher, faça uso do eu também sinto isso quando tal situação acontece. “É
ruim mesmo, eu sinto muito.” Coloque-se disponível.
3. Ajude ao outro a perceber a necessidade colocada nesse choro todo: Faça
perguntas. “Você quer ficar mais no parquinho, é isso?” Quando localizar a
necessidade ou deduzi-la, vamos para o próximo passo.
4. “Escaneie” de novo em você: “De que jeito ficaria bom para mim?” Vamos
imaginar que a resposta seja “tenho que ir embora do parquinho, já fiquei o
máximo que podia. Não tenho mais tempo.”
5. Considere a necessidade do outro: localize no tempo futuro essa possibilidade,
considerando você também na situação. “SINTO MUITO, mas precisamos mesmo
ir embora. A mamãe ficou o máximo que podia, mas PERCEBI que vir no parquinho
é muito importante para você. Vamos voltar amanha ou no fim de semana.”
Coloque sua real disposição. O que realmente é possível.
6. Depois disso, cumpra o que falou: “Vamos embora mesmo do parquinho.”
Normalmente aqui a criança ainda permanecerá no choro e na frustração –
ATENÇÃO: há o perigo da exigência de que ele já devia conseguir dar conta de ir
embora, quando estamos aprendendo isso exatamente agora e com a criança
realmente fazendo o melhor possível assim como nós adultos. No choro e na birra,
permaneça acolhendo e falando dos planos futuros. “Eu sei, é ruim mesmo ir
embora, mas fique tranquilo: já percebi o quanto isso é importante para você e
vamos voltar.”
7. Caso esse processo se alongue em demasiado (mais de 10min) traga o ou você,
dando sempre duas opções e suas duas consequências diretas. Comece sempre
assim: “Eu sinto muito, mas veja o que você prefere: se acalmar (ação que pode
ser escolhida pela criança) porque já entendeu que vamos voltar e realmente
voltamos no parque no sábado (consequência direta dessa ação se acalmar) OU
você vai continuar reclamando, chorando (ação 2 escolhida) e não vamos voltar
no parque porque você não esta conseguindo lidar com a hora de ir embora e ela
sempre existe (consequência caso a ação 2 seja escolhida).” A criança, nas duas
opções dadas, tem a possibilidade de escolher uma delas. Esse é o ou você dentro
das opções que você vai dar. Às vezes a reposta vem verbalmente, às vezes vem
na escolha na própria ação, quando a criança se tranquiliza ou permanece
chorando. Aplique a consequência da ação escolhida e, caso a criança venha te
cobrar, lembre-a da escolha que ela fez e o quanto você sente muito, mas espera
que numa próxima ela possa escolher diferente. Fica claro? Crianças a partir de
dois anos e meio já conseguem perceber esse processo. Com crianças menores,
acolha a frustração e siga em frente, que vai passar.
8. Reserve a consequência direta: ela deve ser utilizada em situações onde, na
sua aplicação, traremos uma real segurança necessária na construção da
reponsabilidade da criança. A consequência direta é normalmente utilizada quando
a oportunidade de responsabilidade e consideração foi dada algumas vezes e a
criança não cumpriu sua parte. Ela ainda está aprendendo, mas, pelo jeito, não
conseguiu ainda gerenciar a situação de forma responsável, mesmo fazendo o seu
melhor possível. Vamos dar um exemplo: a criança tem que fazer a lição de casa,
mas fica enrolando na TV ou eletrônico. Você passa por todo esse processo: acolhe,
convida à responsabilidade, chega a dar oportunidade de estar com o eletrônico
depois da lição, mas, mesmo assim, a criança não faz sua parte. Traz o ou você e
mesmo assim ela não vai na direção da responsabilidade dentro das duas opções
possíveis oferecidas por você. Depois de todo esse caminho, é hora de aplicar a
consequência de que, por ela não estar conseguindo cumprir com suas
responsabilidades e gerenciar o eletrônico, está mostrando que não está
conseguindo ter o eletrônico em sua vida, por isso, estará sem eletrônico dali para
diante. Caso cumpra suas responsabilidades em suas atitudes, o retorno do
eletrônico pode ser possível, sempre trazendo a responsabilidade também para
criança do quanto sua parte é fundamental. Ela está sem eletrônico como
consequência de suas escolhas, e não castigo dos pais. Se pode voltar a ter o
eletrônico, depende dela. A consequência de quando há responsabilidade
aprendida pode ser a criança respeitar o tempo no eletrônico, por exemplo. A
consequência pode ser positiva ou negativa, está relacionada às escolhas e atitudes
sempre.
Lembro-me um dia que um menino me disse que a consequência era como
castigo. Eu perguntei por que, e ele me disse que, quando não fazia a lição, ficava de
castigo e não descia para jogar bola. Com a consequência, acontecia a mesma coisa.
Eu lhe perguntei: “e quando você faz a lição? Qual é a consequência?” Além de
ir bem na escola, ele podia descer para jogar bola no fim da tarde. Então disse para
ele o quanto a escolha era dele. Descer ou não. Ir bem na escola ou não. Bastava ele,
de fato escolher, fazer o melhor possível com toda a sua reponsabilidade. Foi o que
ele fez!
Vamos trabalhar esse caminho no nosso encontro ao vivo. Te espero.
Com amor
Dani
Aula 12. Acolhimento como caminho
Sabe o que seria incrível? Se sempre fôssemos capazes de, ao invés de exigir ou salvar
da dor, se pudéssemos encontrar nossos filhos, maridos ou esposas nessa mesma dor. Para
aprendermos esse movimento, o escaneamento pode ajudar bastante. Pergunte-se: eu
sinto isso que estou vendo meu filho viver hoje nos meus dias atuais?
Quando tenho noção da minha vulnerabilidade, o respeito pela vida, o agora ganha
espaço e responsabilidade. Sabendo da nossa imperfeição, nos damos conta de como
regamos essa semente da vida todos os dias. Quando temos noção da nossa mortalidade,
da nossa vulnerabilidade, podemos chegar à plena gratidão por tudo o que recebemos
mesmo sem merecer. Apesar de toda e qualquer circunstância, começamos a descansar
em Deus. Sabemos que não estamos sós: temos nossos companheiros de jornada, mas
principalmente na presença de Deus, o supra-sentido, o grande propósito. Descansar em
Deus.
Essa presença e esse encontro na dor nos aproxima, acolhe e muitas vezes, nesse colo
e até no silêncio, a dor quase que para de doer. Ela toma outro lugar: um lugar de
Confiança, de verdade, de proximidade, de vulnerabilidade. Um lugar de amor.
Isso pode acontecer porque entendemos a condição humana e do mundo como falhos
e imperfeitos e somos capazes de compreender esses momentos de dor como grande
oportunidade de quebrantamento de nosso coração arrogante que tanto quer controle,
saber e perfeição. Paramos de questionar a presença da dor e começamos a agradecer o
convite que ela nos faz e o quanto escancara nossa tentativa de controle frente à vida.
Quando entendemos o quanto a presença de Deus nos sustenta a atravessarmos
esses momentos e o quanto, temos nessa experiência, a oportunidade de percebermos que
jamais estivemos, estamos ou estaremos sós, podemos caminhar , mesmo com toda dor e
desconforto , porque sabemos o que está sendo quebrado. É possível sentir em muitos
momentos de dor o nosso afastamento de Deus, a contínua exigência de perfeição e
constante tentativa de controle. A dor nos possibilita a percepção de tudo isso e faz um
convite importante para transformarmos a nossa postura frente as relações mais
importantes de nossa vida: Deus , nós mesmos e os outros. No quebrantamento de nossa
prepotência, arrogância , orgulho e poder , temos a oportunidade de vivermos uma nova
postura que traz a necessidade de um relacionamento com Deus, com nós mesmos e com
os outros tendo a humildade como caminho.
Existem duas ferramentas importantes que podemos usar sempre, além do
escaneamento inicial. O eu também e o eu sinto muito. O encontro acontece neste lugar e
podemos juntos aprender com a experiência e com toda a oportunidade que ela traz. Nesse
espaço, encontramos o outro em sua vulnerabilidade ao invés de exigir perfeição do outro.
Nesse lugar escutamos, consideramos e criamos estratégias juntos, sempre convidando o
outro à sua responsabilidade. Saímos da garantia e encontramos o melhor possível, repleto
de aprendizados diários. Com a humildade no lugar da arrogância, aprendemos de fato
todos os dias. A gratidão cresce também em nossos corações pelos erros, pelas falhas e
pelos acertos e conquistas.
“Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em
Cristo Jesus. “
1 TESSALONICENSES 5
Com amor,
Dani
Aula 13. Não tire conclusões: faça perguntas e convide ao aprendizado
Durante uma conclusão, já estamos olhando o outro pelas nossas expectativas e
partimos para a exigência. Como é que tiramos essa conclusão? Normalmente estamos
desconfortáveis com alguma situação, mas, ao invés de trazermos nossa necessidade,
tiramos conclusão do que se passa dentro do outro naquela situação com relação a nós. O
Típico “você não liga para nada, estou sozinha nessa casa, ninguém me respeita, eu sou
um capacho mesmo, você só quer saber do meu dinheiro, você não está nem aí para a
escola” etc.
Nesses momentos, estamos com um desconforto muito grande, mas, ao invés de
transformá-lo em necessidade, cuspimos para fora como conclusão do outro. As conclusões
vêm contar toda a expectativa criada, toda a exigência vivida e, obviamente, toda a
frustração presente. Quando percebemos isso, podemos retomar, pedir perdão, corrigir
como falamos e reafirmar o que precisamos. A conclusão tirada é um julgamento feito. O
outro não tem espaço de resposta e já esta carimbado. Percebe?
Faça perguntas sobre o que está percebendo no outro e pare. Escute a resposta. Esse
é um ótimo jeito de construir espaço de consideração.
O movimento de ouvir o desconforto e a necessidade torna-se cada vez mais possível
conforme não levamos a atitude do outro para o lado pessoal. Quando lembramos da
imperfeição de todos nós e do quanto o outro, muitas vezes, está no seu melhor possível,
podemos sair da fúria que chega ao coração ao realizar que a atitude do outro não se trata
de um ataque pessoal. Diz mais sobre ele do que sobre mim, mas isso não significa que
tenho que aceitar tudo o que está #taruimpramim. Isso significa apenas que preciso
comunicar minha necessidade desse desconforto gigante que estou sentindo.
Ninguém é adivinho. Nossa comunicação é nossa melhor ferramenta, seja para
colocarmos nossas necessidades ou para pedirmos perdão das nossas violências.
O Aprendizado acontece da seguinte forma: no presente, olhamos para a experiência
que acabou de acontecer e recolhemos todas as informações do processo até o resultado:
as que foram boas e deram um bom; as ruins que nos levaram a um resultado ruim; as
que foram boas e deram um resultado ruim; as medianas... Tudo. Sempre há informação
na experiência vivida. Sempre há o que aprender, seja na sua própria experiência, seja na
experiência de quem está à nossa volta. Aprender com a experiência do outro é fantástico.
Aprender com o que plantamos há dez minutos me ajuda a descobrir os ajustes para o
próximo plantio daqui há dez minutos.
No momento presente e repleto dessas informações, podemos aplicar o que foi
aprendido logo ali, no futuro, na próxima oportunidade, e seguir fazendo sempre o mesmo
processo. Esse processo acontece todo dia, toda hora. Não vai chegar o momento em que
você atingiu a perfeição e lida perfeitamente com tudo. Enquanto tivermos essa
expectativa, vivemos escravos, endividados, infelizes, mal-humorados, irritados, bravos,
cansados etc.
Com as crianças, nosso papel também é esse: recolher as informações junto delas e
ajudá-las a perceber quais são as informações importantes para a próxima oportunidade.
Isso só é possível por conta da premissa de imperfeição e também da certeza de que,
mesmo quando erramos, estamos no melhor possível. Sem esse olhar, partiríamos para o
que mais sabemos viver: exigência.
Normalmente estamos no presente, olhando o passado e exigindo que tudo já fosse
sabido para que tudo permanecesse perfeito ou fosse perfeito - o bom resultado. Esse
funcionamento, tanto em nós quanto nas crianças, vem sempre repleto de conclusões e
acusações, exigindo que a criança ou nós mesmos já soubéssemos o que ainda estamos
aprendendo. É um lugar sem saída, que dispara a formação de persona e todo um
entendimento de amor condicionado que não nos leva a nenhum outro lugar que não o
aumento do vazio existencial dentro de nós.
O processo de aprendizado é um presente que temos a alegria de receber todos os
dias. Com nossos filhos, acontece assim também. Acolha o resultado que vier e foque no
que podemos aprender para a próxima oportunidade. Aprendizados realmente acontecem
por esse caminho.
A tão sonhada garantia, que já foi tão mencionada aqui nesse curso, não se faz
necessária porque é no aprendizado diário que o individuo está se construindo e
permanecendo cada vez mais nesse aprimoramento constante que é a vida, cada vez mais
consciente que toda ação tem sua consequência e que é ele que vai vivê-la. Já amado,
principalmente por Deus, podemos, inclusive, agradecer por esses momentos de mais
desconforto e aprendizado. A Gratidão invade o coração por todos os momentos vividos e
a certeza de que, em um dia de cada vez, seguimos caminhando.
Te espero no encontro ao vivo,
Com amor!
Dani
Aula14. Arrependimento e perdão
Você tem algo para pedir perdão hoje? Essa é uma pergunta que não estamos muito
habituados a fazer. Já reparou? Normalmente sabemos de tudo que o outro precisa pedir
perdão e esperamos por isso, mas quando passamos a colocar a lupa dentro de nós, algo
incrível acontece. Paramos de justificar nossas atitudes na ação do outro e passamos a
perceber quando somos violência ou desconsideração. Que bom passar a ter essa
percepção.
Nossa violência acontece de muitas formas com nossos temperamentos diferentes,
mas cada qual com sua forma de desconsideração. Quando começamos a ter consciência
desse processo, prestando atenção mesmo, o arrependimento e perdão começam a fazer
parte de nosso dia a dia.
Saímos do lugar da razão e da exigência de que o outro tem que pedir desculpas e
passamos a cuidar do que nos cabe. Saímos do centro do nosso mundo, querendo sempre
amor e reconhecimento, e partimos para amar pelo processo do arrependimento e do
perdão. Pedimos perdão pelo como falamos e reafirmamos de melhor forma o que
precisamos. Esse processo permite que todo o estado de guerra se esvazie dentro das
nossas casas porque a bandeira branca já foi levantada por nós. Algo maravilhoso acontece
no nosso perdão: ao invés do outro permanecer na razão ou na briga por precisar se
defender, um espaço de reflexão se abre. Confie: em breve o perdão de lá, do outro,
também chega.
Cada um passa a colocar a sua lupa em si mesmo ao invés de permanecer justificado
em sua violência por conta da violência do outro. Na visão sistêmica, todo o sistema se
transforma quando um dos seus membros muda de atitude, de posição. Acredite: isso
acontece na briga e na disputa quando brigamos pela razão, mas também quando a paz
surge no arrependimento e no perdão. A paz chega à nossa família, mas o mais incrível é
perceber que não fazemos a paz sozinhos. Mesmo sendo mãe ou pai, podemos sempre
cuidar da nossa parte e convidar o outro a cuidar da dele.
,
A cada perdão pedido, temos nosso coração, nossa personalidade e nosso caráter
sendo trabalhados. Ganhamos cada vez mais consciência de como o desrespeito apareceu
ou como se formou. onde nos desconsideramos, onde e como ficou #taruimpramim, quais
as necessidades não foram atendidas. Temos sempre a oportunidade fantástica de aprender
como fazer diferente na próxima vez com toda a informação recolhida na situação vivida.
A cada oportunidade de perdão, aprendemos mais sobre nós, sobre os nossos disparadores,
sobre o nosso funcionamento. Com isso, podemos seguir aprimorando nosso melhor
possível sempre com essas riquíssimas informações.
Não chegaremos à perfeição, mas o constante aprimoramento está acontecendo em
um lindo processo de paz e aprendizado de nós mesmos e do outro. Não chegaremos à
perfeição (que bom) porque fatalmente chegaríamos de novo à soberba, à arrogância, à
prepotência, ao direito do julgamento do outro etc.
A falha e nossa condição imperfeita nos mantém pequenos, humildes, aprendizes.
Podemos nos alegrar também de quando falhamos, afinal, é pura oportunidade de aprender
a partir deste lugar interno de humildade.
Ao pedirmos perdão às crianças, não nos mostramos mais perfeitos (persona). Parece
assustador num primeiro momento mas, acredite, nos aproxima. Passamos a ser exemplo
de humildade, do melhor possível, da possibilidade de assumir nossos erros e de sermos
aprendizes e perdão. Essa é a verdadeira educação para a responsabilidade, integridade
moral, amor ao próximo e a postura de sempre aprendiz.
Somos exemplos de perdão, coragem, resiliência e amor. É importante perceber que,
na premissa anterior de perfeição, éramos exemplo de expectativa, exigência e hipocrisia.
Repletos de justificativas, éramos exemplo de persona, de insatisfação, de egoísmo,
exemplo do impossível que nunca chega e da infelicidade por isso. Exigíamos de nós e de
todos a nossa volta.
Nesse espaço que acontece primeiro dentro de você, pai e mãe, sempre que houver a
oportunidade com as crianças, faça a pergunta: Você tem algo para pedir perdão com
relação à sua postura? Crie também espaço para comunicar/ ouvir as necessidades e
acolher o desconforto. Tudo isso é muito importante e pode ser trabalhado em vários
momentos. Na briga entre irmãos, por exemplo, quando a criança conta de algo ruim na
escola, na birra, ou desobediência, etc.
Quando saímos da tríade vítima/ vilão/ salvador, chamamos a responsabilidade que
nos cabe, tanto na percepção do desconforto e da necessidade quanto no trato com nós
mesmos e com os outros.
É uma alegria viver a paz construída por todos nós. Comece por você e presencie a
paz chegando em sua casa, com a Graça de Deus e nosso melhor possível sempre! Uma
alegria só.
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos
outros em amor.
EFÉSIOS 4:2
Com amor,
Dani
Aula 15. Conforto ou Crescimento
Nós adoramos um conforto, não é mesmo? Muitas vezes passamos grande parte da
vida lutando por ele, buscando o conforto em muitas coisas - tudo isso porque fizemos a
ligação equivocada que desconforto é sofrimento e, portanto, precisamos evitá-lo a
qualquer custo. A grande questão é que o desconforto aparece e, quando paramos de evitálo
e percebemos que ele faz parte da vida, descobrimos que ele tem função. E como tem!
Função de bússola, o desconforto nos avisa para onde ir e para onde não ir, o que está
#taruimpramim e nos ensina o que não é, o que não queremos. Nos alerta a respeito de
situações e nos possibilita construir relações onde estejamos considerados e o outro
também. Nos mostra quando somos violência e desconsideração com o outro. A consciência
do desconforto nos ajuda a fluir pela vida respeitando os sinais. Faz sentido? Nos coloca na
cara quando fazemos algo para sermos amados, quando alimentamos a persona e o quanto
isso nos custa. O desconforto e a dor contam do que há em nosso coração. Muitas vezes
entramos em sofrimento mas percebam o quanto o sofrimento também nos aponta a um
questionamento de que toda essa dor não deveria estar acontecendo.
Lembre-se, a dor e o desconforto nos colocam frente a frente em nossa vontade de
agirmos como Deus em nossas vidas. Queremos tirar, controlar, resolver. O convite é para
ouvir, viver e aprender. Quando aprendemos a ouvir nosso desconforto e dor percebemos
quantas informações preciosas dizem a nosso respeito. Há abertura para o aprendizado e
o sofrimento que acompanha a dor e tanto resiste a essa realidade da vida não acontece
mais com tamanho peso. Os relacionamentos vertical, horizontal e com si mesmo são
tomados por aprendizado, amor, humildade e vulnerabilidade. E a relação com Deus , com
si mesmo , com a vida e com o outro deixam de questionar a dor ,e passam a focar em
quem eu me torno ao vivenciar essa experiência porque compreendemos que a dor faz
parte e tem seu propósito; quebrantar nosso coração.
Os desconfortos que vemos nos nossos filhos funcionam da mesma forma, mas
perceba o quanto nosso foco, muitas vezes, é tirá-los de lá. Lembre-se da ultima vez que
você acompanhou seu filho desconfortável. É muito comum sair da nossa boca: “Já passou,
não foi nada, distração, vamos comprar um sorvete etc.” Imagine você poder dizer: “eu
sei, é ruim mesmo, mas estou aqui com você. Eu sinto muito.” Depois disso, o que vemos
acontecer é o passar que tanto queríamos. Passa porque realmente passa quando sentido,
quando a informação foi recebida e quando nos encontramos no acolhimento. Não passa
porque não foi tirado ou foi distraído. Nesses casos, como o aprendizado dificilmente
acontece, os desconfortos normalmente se intensificam.
Quando encontramos com o outro na dor, de um lugar de quem também sente a
mesma coisa, podemos acolher, estar junto. Desse lugar, novos recursos e possibilidades
surgem. É incrível. Nesse acompanhamento, o que demonstramos é a fé na vida que há
nesse outro. Fé na capacidade de aprender, fé na capacidade de voar. Confiança total na
vida que habita esse corpo aprendiz. Fé de que há um relacionamento com Deus também
e o cuidado amoroso também esta lá.
Na nossa tentativa de controlar e garantir, estamos na realidade não confiando na
vida. Estamos confiando na morte, na não-capacidade de aprender e muitas vezes fazemos
isso porque não queremos que eles sofram porque, no fim, somos nós que não queremos
sofrer. Nesse amor da maternidade e da paternidade, se considerarmos o que a vida deles
diz sobre nós, a chance de tentarmos controlar essa vida para não nos machucarmos se
torna nossa meta principal.
O ponto é que não controlamos. Podemos encontrar, acompanhar, aprender junto,
ensinar o que já aprendemos. Podemos sempre cuidar da nossa responsabilidade de
entregar 100% do nosso melhor possível, mas precisamos convidá-los ao 100% de seu
melhor possível também. Isso é convite à reponsabilidade de quem sabe que para toda
escolha há consequências e que quem vive as consequências é, primordialmente, aquele
que escolhe. Vivemos essa condição em nossa vida e nossos filhos também.
Quando o processo de educação toma essa postura, paramos para compreender os
desconfortos. Eles são mensagens importantes a respeito da caminhada em nossa condição
humana de imperfeitos que somos, mas como é bom termos a certeza de que somos
amados e do quanto jamais estivemos, estamos ou estaremos sós.
“Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. “
1 JOÃO 4:19
Com amor,
Dani
Aula 16. (para colocar em prática): Os Irmãos
Não dividimos amor quando temos o segundo filho. Temos esse receio durante a
gravidez. No nascimento, já percebemos que isso não acontece. Um novo canal de amor
surge e é incrível. Como se abríssemos mais uma linha telefônica. Dividimos atenção, mas
jamais dividimos amor.
Nossos desafios:
1. Cuidar da insegurança do amor – Faça a almofada com o mais velho e
também com o mais novo, que também pode pensar que, porque chegou depois
e vive sempre compartilhando com o irmão, seu amor não é só dele. Lembre-se
de fazer duas almofadas iguais
2. Coloque as crianças sob as mesmas regras – assim, o lugar de vantagem
não é construído na percepção deles, sendo filho mais velho ou mais novo.
3. Nos momentos desafiadores, cuide para não virar o juiz – não seja o
salvador dentro da tríade vítima / vilão / salvador. Nesse lugar, você ativa o
sistema de disputa pelo teu juízo. Nossos filhos seguirão disputando por nós e
criando uma oportunidade para isso nas brigas.
4. Perceba os temperamentos e como acontece a violência das crianças -
cuidado, pois as formas são diferentes, mas a violência acontece em ambos.
5. Ajude na comunicação entre eles - abra espaço de conversa. Ajude a escuta
acontecer. O que cada um não gostou de ser dito. Convide ao perdão e coloque
a necessidade de respeito que você tem para eles.
6. Não compare um filho com outro ou com outras crianças - Se for usar de
comparação, faça com ele mesmo, com sua própria história, com suas próprias
conquistas, enfrentamentos, escutas de desconforto etc. Assim, ele percebe que
momentos desafiadores sempre existiram e sempre existirão e o quanto ele pode
seguir fazendo o melhor possível e aprendendo sempre. Isso traz para ele a
responsabilidade e autoria de sua própria historia. Traz o aprendizado para o dia
a dia e coloca a experiência da vida no que realmente é, um dia de cada vez,
fazendo o melhor possível. Vamos cuidar de nosso cotidiano no nosso encontro
ao vivo.
Com amor,
Dani
Aula 17 – Filhos únicos e adoção
A grande armadilha é, provavelmente, querermos que nossos filhos não sintam dor,
desconforto ou sofrimento, quando essa é a condição humana que temos e o mundo em
que vivemos. Podemos estar buscando o impossível. Na intenção de não doer, normalmente
entramos na total consideração das crianças e total desconsideração de nós mesmos.
Fragilizamos as crianças com isso e elas se tornam atendidas e frágeis na percepção
de seu desconforto e de suas necessidades, frágeis na percepção do desconforto e
necessidades do outro. No mundo, não existirá esse outro pleno para atendê-la e, na falta
de recursos, a criança acaba nessa fragilidade e na altíssima expectativa de que tudo tinha
que ser do seu jeito, sofrendo. Os nãos e os desconfortos têm função e que presente é
quando percebermos de sua tão importante missão. Isso nos localiza, nos ensina e nos
mostra que a vida aqui não é sobre nós mesmos, sobre ser amado e sim sobre amar e se
relacionar. Vamos? Eu topo.
Outro item muito importante é falar a verdade. É fundamental que a criança cresça
sabendo de sua história e podendo ter, com a nossa ajuda, todos os sentimentos acolhidos
nesse processo. O segredo tem um efeito muito danoso em nosso relacionamento. Ele toma
espaço, cria um clima de desconfiança e a mágoa ou a dor que tanto tentamos evitar virá
de qualquer forma. A verdade cria um chão repleto de desafios, mas firme para pisarmos.
Por isso, siga respondendo às perguntas que aparecerem com a verdade, sempre adaptada
à idade da criança.
Com amor,
Dani
Aula 18. Lição e escola - como criar responsabilidade
Com a entrada das crianças na escola, é muito comum que, imediatamente, a
expectativa de que eles tenham bons resultados. Como o processo está configurado em
nossas escolas, é comum que a gente assuma o lugar de garantidores. Essa é uma grande
armadilha.
Garantia
Ato ou palavra com que se assegura o cumprimento de obrigação, compromisso,
promessa etc.
Nesse lugar de garantidores, tiramos as crianças da responsabilidade. Ela não preciosa
se ocupar do que cabe a ela porque nós nos ocupamos do que cabe a ela. Como podemos
ajudar na criação da responsabilidade nas crianças? Como podemos acompanhá-los sem
cair nessa armadilha?
A garantia coloca ênfase no valor dos bons resultados. É importante aprendermos
como esse resultado é construído. Vamos ver?
NOTA é resultado de um caminho:
• Lição de casa
• Provas
• Trabalhos em grupo
• Trabalhos individuais
• Trabalho em classe
• Prestar atenção
• Comportamento
• Participação
Podemos acompanhar as crianças em cada uma dessas atividades, checando se
fizeram e sempre trazendo as perguntas: Você fez o seu melhor possível? Ou você se livrou?
Além disso, fique sempre disponível para dúvidas, mas evite se sentar com a criança
com ela para fazer a lição junto com ela. Melhor que você sente à mesa, faça suas
atividades e ela faça as dela. Fique disponível para as dúvidas e depois cheque se ela
completou tudo. Na checagem é quando trazemos as duas perguntas. Deixe a criança
refletir.
Além disso, na checagem, normalmente encontramos erros. São esperados porque as
crianças, assim como nós, estão aprendendo. Combine com a criança que você sempre vai
fazer uma bolinha do lado da questão que ela precisa checar mais uma vez. Dê a criança a
oportunidade de checar e se responsabilizar por corrigir, fazer o seu melhor possível
novamente, tentar mais ou querer levar mesmo assim para a escola.
Depois, cheque sempre os resultados objetivos como as notas e, se possível, pare para
ver com a criança quais estratégias funcionaram e podem ser mantidas e como a criança
poderia fazer na próxima vez, nas estratégias que não foram tão boas assim. Isso permite
que ela permaneça livre no aprendizado e, ao mesmo tempo, com sua responsabilidade
ativada. Você é suporte e não a garantia do resultado. Quando somos suporte desse lugar,
do melhor possível, podemos acolher as falhas com todo o potencial de aprendizado que
nelas estão contidas.
Somos todos falhos mas permanecemos aprendizes e o movimento humilde do
aprendizado está sempre disponível. As falhas contam a história de como foi a nossa
entrega. Nos sentimos definidos pelas falhas quando estamos partindo da premissa de
perfeição, repletos de expectativa e exigência de que nós e eles deveríamos já saber o que
estamos aprendendo e, obviamente, não sabemos. Não é assim? Na condição de falhos e
imperfeitos, percebemos esses momentos como rica oportunidade de aprender a fazer o
melhor possível de uma nova forma ou com alguns ajustes. Aprendemos que fazemos o
melhor possível e não perfeito. Aprendemos a humildade para caminhar e aprender.
Sucessos também não nos definem como pessoa e a nossos filhos também não. Só
nos contam a historia da nossa entrega, de como fizemos nosso melhor possível dentro de
uma condição de imperfeitos e como podemos manter essa forma numa próxima
oportunidade. Os sucessos também demonstram o melhor possível e não perfeição.
Saídos da premissa de perfeição, sucessos e fracassos fazem parte da caminhada pela
vida e não dizem mais nosso valor. Contam da possibilidade de ajuste de nosso melhor
possível. O valor, o amor já está acontecendo no melhor possível de sempre e na abertura
para aprendermos todos os dias. O valor e amor já acontecem na imperfeição que somos.
O valor e amor já acontecem nesse amor que já é por nós. E que bom sermos eternos
aprendizes. Isso nos mantem humildes, necessitantes de Deus e abertos a prendermos
todos os dias. Com nossos filhos não será diferente.
Com amor,
Dani
Aula 19. Temas que disparam nosso lugar de garantidores:
alimentação, xixi, cocô e sono
Na posição de garantidores, a mensagem que passamos para nossos filhos frente a
todos esses momentos da vida é de que somos os responsáveis. Quando isso acontece, as
crianças não se apropriam do próprio corpo, de seu funcionamento que já funciona
independente de nós. Fomos feitos para nos alimentarmos, para fazermos xixi, cocô e
fomos feitos para dormir. Quando pegamos para nós o processo que pertence ao corpo das
crianças, podemos atrapalhar mais do que ajudar. Não garantimos, mas podemos, no nosso
melhor possível, acolher, ajudar, apoiar o processo que é deles, mas que nós também
vivemos.
Alimentação – faça o seu melhor possível. Há dias que serão bons e outros nem
tanto, e tudo bem.
• Mantenha as opções abertas. Não restrinja a oferta e alimentos para garantir que a
criança se alimente.
• Nas refeições, ofereça à criança algo que ela já gosta e novos alimentos
• Coloque para ela a sua própria história, do quanto antes ela não gostava dos
alimentos e hoje gosta. Convide à responsabilidade de experimentar
• Confie que este corpo foi feito para comer
• Se não comeu bem agora, depois vai comer. Confie
Xixi e Cocô - faça o seu melhor possível. Há dias que serão bons e outros nem tanto,
e tudo bem.
• A criança está aprendendo a ouvir os sinais do próprio corpo. Ajude-a nessa
percepção. Mostre no seu corpo onde acontece o aviso do xixi e do cocô
• O desfralde diurno funciona melhor quando a criança dá sinais de que já percebe o
aviso do xixi e nos avisa. Quando se sente incomodada de ficar de fralda suja
• O desfralde noturno pode acontecer de duas formas:
o Espere até 15 dias de fralda seca para então tirar a fralda. Na demora disso
acontecer, diminuía o líquido a partir das 17h ou 18h e convide a criança a
fazer o xixi até o finalzinho durante o dia. Leve ao banheiro antes de dormir.
Nesse processo, pode tirar a fralda de vez ou manter até os 15 dias de fralda
seca para então tirar de vez
o Faça um calendário. Sempre ajuda a criança comemorando a cada dia e
incentivando a seguir firme sem líquido antes de dormir. Molhe apenas a
boca se vier sede, mas não beba um monte de água porque o corpo ainda
está em aprendizado. Depois da fralda noturna tirada, retorne o liquido
gradativamente. Acidentes podem acontecer - acolha sempre. Estamos todos
aprendendo
• O cocô pode fluir muito bem, mas também pode trazer algumas dificuldades.
Algumas crianças podem sentir medo por conta de já terem sentido algum
desconforto ao fazer cocô ou ao se sentar no vaso sanitário e, com isso, podem
acabar segurando o cocô por dias. Nesse processo, começamos a interferir porque
acabamos com medo de o cocô ficar grande demais. Queremos que eles façam e
começamos com laxantes etc. No fim, o aviso do cocô torna-se mais desconfortável
e mais dolorido com as cólicas e o medo pode ficar ainda maior.
• No momento em que vemos a criança segurando cocô, ela já está provavelmente
vazando a pasta de cocô na calcinha ou cueca e isso faz com que o cocô principal
fique mais ressecado e seja cada vez mais dolorido para fazer. Muitas crianças se
mantêm na fralda mesmo com seus 5, 6 anos na hora de fazer cocô. Na confiança
desse corpo é possível mudar essa situação - confiança nossa e da criança também.
• Sempre que a criança estiver segurando com aquele rostinho de desconforto, levea
ao vaso sanitário para ver se tem cocô. Não pressione para fazer, mas apenas a
conduza para ver se tem. Convide a criança a fazer três forças de soltar pum. Essas
três forças costumam disparar o processo e o cocô vai sair. Acolha e diga o quanto
o corpo é sabido. Confie que o cocô é feito para sair.
• Seguimos um dia de cada vez aprendendo nesse lugar de acompanhantes e
aprendizes.
Sono - faça o seu melhor possível. Há dias que serão bons e outros nem tanto, e tudo
bem.
• Nosso desafio é criar com a criança um bom disparador de sono. Um paninho, um
bichinho, algo inanimado, sem calor humano
• O processo de sono acontece com aproximadamente de três a quatro despertares
durante a noite. Aquela hora que você acorda e vê que ainda é noite e volta a dormir.
Com as crianças acontece o mesmo. Os disparadores de sono são fundamentais
para que a criança, nesse despertar, volte a dormir quando reencontra, em sua
própria cama, o disparador de sono dela.
• Quando o disparador de sono somos nós, está iniciado a busca por nós, pela nossa
cama, nossa presença, nosso cabelo, nosso cotovelo no meio da madrugada. Esse
processo inicia um ciclo que pode ser muito exaustivo e acabamos deixando as
crianças em nossa cama, seja para adormecer, seja à noite toda ou nas vindas na
madrugada.
• Muitos são a favor da cama compartilhada, mas eu penso que a criança pode estar
acolhida pela nossa presença até seu adormecimento. Depois, garanta nossa
presença com beijos, com ela já dormindo, deixando algo para que ela saiba da
nossa presença e também com o suporte que pode se fazer necessário num pesadelo
ou qualquer situação. Suporte sempre, acolhimento sempre, mas dando a condição
da criança seguir em sua autonomia.
• Com as crianças em nossa cama, sua segurança, seu adormecimento e seu sono só
acontecem tranquilamente por nossa presença e não pelo processo de aprendizado
e crescimento que está ali disponível sempre, com o suporte necessário.
• Na exaustão de não dormirmos, não descansarmos normalmente, somos
desconsideração com as crianças por uma exaustão física e emocional. O sono é
fundamental para o bom andamento de nosso espaço de consideração e, também,
para o crescimento das crianças.
• Se as crianças estão na sua cama ou você é o objeto disparador de sono, eu te
convido a esse processo de transformação. Sente-se em uma cadeira no quarto,
espere a criança adormecer. Depois, beije-a e deixe objetos para que ela acorde de
manhã na segurança de que é também cuidada no seu dormir. Se acontecer de a
criança ir para sua cama, juntem-se, marido e esposa. Acolham juntos a
necessidade da criança e a coloquem em sua cama novamente. É difícil no início,
mas é possível. A família volta a dormir e, a descansados, viver o dia seguinte que
é mais um presente em nossa família.
Vamos falar sobre como tudo isso acontece em sua casa em nosso encontro ao vivo. Te
espero.
Com amor,
Dani
Aula 20. Diagnósticos
Vamos aprofundar esse tema tão importante e atual em nosso encontro ao vivo. O
propósito desse tema é principalmente perceber onde colocamos os diagnósticos em nossa
vida. Nos definem? Nos justificam? Nos impossibilitam? Servem de anteparo em nossas
relações? E nos diagnósticos de nossos filhos? Como lidamos com eles? Sentimos culpa?
Raiva? Impotência? Alivio? Quando percebemos os diagnósticos na premissa de perfeição,
eles podem pesar e definir toda uma vida. Quando, na premissa de imperfeição, podem
nos ajudar a conhecer nosso funcionamento e nos convidar sempre ao melhor possível
dentro de nossa condição humana de imperfeitos. Faz toda a diferença em nosso dia a dia
como encaramos a presença de um diagnóstico em nossa vida ou na vida de nossos filhos.
Vamos falar sobre isso em nosso encontro?
Com amor,
Dani
Aula 21. Por onde começo
• Só por hoje (#soporhoje)
• Fazendo o melhor possível
• Atento ao que sai de mim (comportamentos, atitudes, falas, julgamentos,
violências, desconsideração)
• Pedindo perdão quando saiu violência de mim
• Atento aos desconfortos para comunicar as minhas necessidades #taruimpramim
• Atento às necessidades do outro
Com isso, vivemos a mudança de equação da vida todos os dias, como bem disse David
Powlison:
“O anseio de aprender a amar e compreender substitui o desejo de ser amado e
compreendido.“
Gostaria de te propor um diário. Um escaneamento diário que sempre propõe a
pergunta: Você tem algo para pedir perdão hoje? Um processo de quebrantamento de
nosso coração, transformação de nossa arrogância e prepotência em humildade. Vamos
transformar nossa relação com os outros, com nossa família. Vamos transformar nossa
relação com nós mesmos e, principalmente, na necessidade de Deus, transformaremos
nossa relação com Deus. Que a Graça de Deus chegue em seu coração com toda a sua paz,
amor e alegria.
Muito obrigada por toda sustentação e amor que vivemos.
Com amor,
Dani
Para refletir e sentir:
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo,
Por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e
nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a
tribulação produz perseverança;
A perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança.
E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações,
por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu. “
ROMANOS 5
Espaço de
Humildade
Espaço de
consideração
Respeito e amor
Necessidade de
Deus
somos
imperfeição
vulnerabilidade
#sóporhoje
SÓ POR HOJE
fazer o melhor
possível
atenção ao
desconforto
#taruimpramim
Comunicar o que
eu preciso
Qual a minha
necessidade
Ouvir a
necessidade do
outro
cuidar do que sai
de mim
Arrependimento
PERDÃOconsideração
Respeito e amor
Necessidade de
Deus
somos
imperfeição
vulnerabilidade
#sóporhoje
SÓ POR HOJE
fazer o melhor
possível
atenção ao
desconforto
#taruimpramim
Comunicar o que
eu preciso
Qual a minha
necessidade
Ouvir a
necessidade do
outro
cuidar do que sai
de mim
Arrependimento
PERDÃO
Aula 22. Um dia de cada vez
É tão grande a minha gratidão por essa maravilhosa oportunidade de caminharmos
juntos... Sei o quanto essa caminhada foi desafiadora, o quanto foi difícil sair da ilusão de
controle e razão. Agradeço pela sua presença, entrega, coragem, amor, confiança e pela
nossa troca e sustentação. Espero que tenha valido a pena. Espero que a paz tenha chegado
e o amor também.
O grande convite é para sairmos da expectativa e exigência, tanto de nós mesmos
como dos outros, e irmos para a perseverança e esperança.
Na expectativa, vivemos no passado, o que você e o outro deveriam ser e não são. O
convite à persona acontece imediatamente e a prisão também. Rotulados, seguimos em
busca de agradar o outro para sermos amados ou seguimos atacando o outro para
protegermos nossa autoimagem. Vivemos estagnação e cobrança ao invés de aprendizado
e convite ao movimento de seguir um dia de cada vez.
Na perseverança e esperança, vivemos no hoje, no presente, sabendo de nossa
condição falha, do quanto somos aprendizes, mesmo entregando nosso melhor possível.
Somos vulnerabilidade ao invés de controle. Somos movimento ao invés de prisão. A
esperança nos traz a possibilidade de, fazendo nosso melhor possível, esperarmos em
Deus, descansarmos em Deus, na certeza de que não estamos sós ao caminhar.
O que você quer fazer? O que você escolhe? Viver do que já passou e se exigir saber
o que ainda não sabe ou na humildade de quem sabe que está aprendendo, de quem sabe
que o Não sei faz parte e confia na capacidade de aprendizado que temos. O que vai ser?
Acredito que fazemos essas escolhas diariamente.
Quanto ao que passou, podemos trazer ao momento presente reconhecendo
nossas falhas e violências e seguindo no presente em arrependimento e perdão. Nesse
movimento, restauramos, curamos, trazemos movimento às nossas experiências, mas
perceba: só é possível fora da premissa e da exigência de perfeição.
Há paz no aprender, há paz no perseverar, há paz na esperança. Eu te convido a
render-se e a deixar a paz entrar. Eu te convido a perseverar no seu melhor possível hoje
e a cuidar de tudo que sai de você da melhor forma possível. Eu te convido à
responsabilidade da sua atitude hoje. Eu te convido ao arrependimento e perdão capazes
de restaurar hoje todo o seu passado antigo e recente. Com esse movimento vivo, todo e
qualquer desafios que ainda permanecerão em nossas vidas poderão ser vividos de um
lugar de paz e de jamais solidão.
Que Deus te abençoe e abençoe a sua família sempre e para todo o sempre. Que a
Graça de Deus tome seu coração do Seu amor que tudo cura e transforma. E espero
grandemente que a segurança da vida dos nossos filhos esteja sustentada na relação deles
com o supra-sentido, Deus. Que o entendimento da presença desse amor traga para a sua
vida e de sua família a frase com que começamos essa jornada:
“O anseio de aprender a amar e compreender substitui o desejo de ser amado e
compreendido.“
DAVID POWLISON
“Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que estes.“
MARCOS 12: 30-31
Seguimos juntos, que bom. Pela Graça de Deus e para a sua Glória.
Com amor,
Dani
Bônus:
1. Eletrônicos, desenvolvimento e o brincar
Academia americana de pediatria – AAP: Computador, tablet, televisão e celular
são considerados eletrônicos.
Hoje o foco da academia é orientar como utilizar ao invés de restringir o uso. Somos
hoje, crianças e pais, no mesmo desafio de diminuir o uso. Cuidar do convívio familiar de
forma equilibrada. Nosso desafio é convidar a família a sair do celular - é difícil mesmo.
Pelo acolhimento e convites ao encontro, podemos construir encontro fora dos eletrônicos
e ajustarmos a medida de uso.
Um dos pontos importantes para descobrirmos a medida é a escuta do desconforto.
Perceba que, quando o uso se intensifica e nossos encontros se empobrecem, ficamos sim
desconfortáveis. É hora de propor combinados, aplicar o ou você com opções, trazendo
responsabilidades e fazendo combinados com limites claros, dando a oportunidade da
criança se gerenciar. Quando isso não funciona, a consequência direta pode ser necessária
acompanhada de um Eu sinto muito. O sinto muito pode aparecer de forma verdadeira
porque, obviamente, gostaríamos que, na primeira oportunidade, a criança já desse conta
de se gerenciar, mas, como sabemos que não funcionamos assim, podemos acolher esse
momento desafiador também.
Outro ponto importante é o mínimo esforço e o conforto de receber entretenimento
através dos eletrônicos. As crianças desaprendem a brincar, optam pelo eletrônico que não
tem o esforço de montar a brincadeira e não há a chateação de guardar depois. Têm sempre
o eletrônico como primeira opção e estão cada vez mais preguiçosos. A inclinação do nosso
coração é de combatermos - esse movimento é um dos nossos grandes desafios da
atualidade. O convite à responsabilidade no gerenciamento e o acompanhamento nesse
gerenciamento é fundamental, trazendo sempre a responsabilidade da criança para o ponto
central dessa caminhada. Quando a criança é chamada à responsabilidade, o aprendizado
interno frente a esse estímulo externo começa a acontecer.
Outro ponto fundamental é cuidar do conteúdo adequado para as crianças. O que
as crianças estão tendo acesso é mais importante do que a plataforma ou o tempo de
acesso. Trazer à percepção do desconforto é um caminho importante, pois a criança
que se percebe desconfortável frente a um conteúdo inadequado tem mais chances de
se tirar de lá. Esse processo acaba somando forças no nosso cuidado adulto de
acompanhamento quanto ao conteúdo. Nesse sentido, podemos ensinar as crianças a
respeitar a idade indicativa junto da percepção do desconforto quando algum conteúdo
for acessado. Normalmente vem pesadelo, dificuldade de adormecer e, nesse momento,
estamos com uma linda oportunidade no processo de aprendizado de acessarmos o
desconforto e a escolha frente a ele utilizada.
Quando ganhar um celular? Eu sou a favor de somente dar um celular quando
aparecer de fato a necessidade, seja por segurança ou por necessidade de comunicação.
Momentos sem tecnologia são nosso grande desafio. Escute a sua disponibilidade,
considere-se e faça convites a partir desse lugar. Encontros fantásticos ocorrem e
vamos aumentando a diversidade de atividades e brincadeiras. É bom demais.
Perigos existem de fato e a consequência das nossas ações também, tanto na vida
analógica quanto no mundo digital. Ambos são reais no sentido de que as consequências
existem - por isso as escolhas se tornam tão importantes. Trazer à importante presença
da responsabilidade é o caminho em ambos os mundos porque há consequências de
nossas escolhas nos dois.
Outro ponto importante é sobre a atenção quanto ao que pertence ao mundo
privado e público: muitas vezes o fato de acessarmos a internet de um ambiente privado
pode trazer a confusão de que a internet ocupa o mesmo espaço, no sentido do alcance.
A internet é o mundo dentro do quarto e os mesmos cuidados precisam ser tomados.
Não falar com estranhos, não se colocar em situações desconfortáveis, aprender o que,
quando e como compartilhar o que é íntimo e o que é publico. Também temos um
grande desafio no sentido da construção de persona. Encontramos nas redes sociais as
vidas editadas e, muitas vezes, o sarrafo da expectativa e exigência de perfeição sobe
ainda mais pelo não-filtro do que é acessado virtualmente. Perceber a vida imperfeita
e repleta de desafios e oportunidade de aprendizados está cada vez mais difícil com as
redes sociais abarrotadas de vida perfeita editada. Por mais que saibamos, e as crianças
também, do quanto não é real, acabamos por cair na armadilha de subir ainda mais o
sarrafo de exigência das nossas próprias vidas. Nós sentimos isso e as crianças também.
Por isso, manter o dialogo aberto e a possibilidade de compartilhamento de desconforto
é tão importante, pois possibilita que esse ajuste frente a esse estímulo aconteça.
Nascemos na era analógica. Nossos filhos, na era digital. Somos aprendizes nesse
mundo e as crianças já nascem nesse mundo. Através do processo de consideração, escuta
de desconforto, podemos encontrar uma forma de lidarmos juntos com a presença dos
eletrônicos em nossa vida.
Desafios:
• Criar o equilíbrio entre a vida dentro da tela e fora dela. O Espaço de consideração
pode ajudar a construir essa medida
• Manter a criança em segurança - idade indicativa, sites seguros, relação com
conhecidos
• Trazer à importante presença da responsabilidade pois, nos dois mundos, há
consequências de nossas escolhas
• Convidar a família a sair do celular - é difícil mesmo. Acolhimento e convites ao
encontro
• Escuta de desconforto e combinados/ limites / Eu sinto muito. Precisamos cuidar
do nosso papel de orientação de um lugar de consideração. É possível.
Vamos um dia de cada vez.
Com amor,
Dani
2. Elogio
O Elogio é um ponto muito importante no processo de educação. Pode ajudar o
desenvolvimento quando acontece frente ao processo e relacionado ao esforço. Pode
também prejudicar o aprendizado quando relacionado à manutenção da persona e
autoimagem daquele que é elogiado. O elogio ao processo possibilita que o valor da pessoa
elogiada se mantenha na entrega do melhor possível, ao passo que no elogio à pessoa, o
convite à pessoa elogiada está em atrelar seu valor a esse elogio. O efeito é a pessoa
elogiada por quem ela é; fazer o possível e o impossível para se manter no lugar de sucesso,
nem que para isso a pessoa evite situações onde ela coloque em risco o elogio ganho. Por
isso, é tão comum vermos a criança super elogiada evitando situações desafiadoras. Não
quer correr o risco de perder a inteligência que pensam que são, ou a coragem, ou a beleza,
ou a artista, etc.
Existe uma pesquisa realizada com crianças sobre elogio. Efeitos na criança do elogio
ao processo e a quem ela é. A diferença é a criança estar livre para aprender com seu valor
localizado no esforço e entrega ou estar presa nesse processo ao elogio já ganho que não
pode correr o risco de perder. Essa pesquisa foi retratada em uma matéria da revista
Superinteressante – clique aqui para ler a matéria.
Perceba o quanto, muitas vezes, usamos o elogio como tentativa de tirar a criança do
desconforto ou da frustração. Pensamos, obviamente, estar fazendo bem a ela mas, no
processo de aprendizado, a melhor ajuda nesses momentos seria acolher a frustração,
convidar a criança ao aprendizado contido na experiência e, então, convidá-la a tentar mais
uma vez com os aprendizados obtidos na próxima oportunidade.
Nesse caminho, o crescimento acontece. No elogio para sair do desconforto, o
aprendizado muitas vezes é abandonado pela criança porque, afinal de contas, ela busca
se manter na autoimagem que possui e defende essa visão de si mesma a qualquer custo.
Quanto menos convidamos ao aprendizado via desconforto e frustração, mais fragilizamos
a criança para esses momentos que fazem parte da vida. Pelo acolhimento é possível
porque nos reconhecermos também nas mesmas experiências e de um lugar de quem
passa também por isso. Podemos aprender juntos sem colocar em questão o valor, pois
esse já é. Sem questionar o amor, pois este já é. Nessa postura, perceba que o acerto e o
erro fazem parte da vida e do processo de aprendizagem. O convite se volta para a entrega
do melhor possível e desenvolvimento de responsabilidade frente a essa entrega sempre.
3. Birra
Esse é realmente um momento desafiador que passamos com as crianças. Não
gostamos, partimos muitas vezes para a expectativa e exigência de que eles já deveriam
se comunicar adequadamente, mas o ponto é que eles estão comunicando sim, com todos
os recursos que têm. Nosso papel é ajudá-las a desenvolver mais recursos para comunicar
suas necessidades de uma forma melhor. Não gostamos do momento da birra porque nos
percebemos vulneráveis. Normalmente uma grande interrogação se cria em nós a respeito
de como sair dessa situação. Acabamos sendo convidados a algumas armadilhas.
A primeira armadilha, e mais comum, é atender a birra. Atendendo o que a criança
parece querer com todo o choro, acabamos por alimentar esse funcionamento. A criança
percebe que, chorando, consegue o que quer e se mantém nesse funcionamento, porque
afinal, seu objetivo foi alcançado. Acabamos por cair nessa armadilha porque nos sentimos
envergonhados, muitas vezes estamos mais preocupados em o que pensarão de nós, frente
a essa situação. Eu sei que vivemos em uma sociedade em que as pessoas olham feio,
esperam e exigem de nós, mas lembre-se: somos todos imperfeitos e as pessoas nessa
postura crítica também são. Sendo assim, usar essa oportunidade de aprendizado vale mais
a pena do que se preocupar com toda essa exigência vinda de fora e de dentro de nós.
Acredito eu que toda oportunidade é oportunidade de aprender. Podemos fazer isso toda
vez que conseguimos lidar com esses momentos de forma bacana, convidando a criança
ao acolhimento e à responsabilidade. Mas também temos muito a aprender quando
atendemos a criança e nos vemos desconsiderados e preocupados com os outros. Há
aprendizado sempre que podemos aplicar na próxima oportunidade que acredite, esta logo
ali.
Na premissa de imperfeição, não precisamos mais proteger a autoimagem e, por isso,
podemos sempre seguir na direção do aprendizado e da educação. Perceba isso: não
preciso mais que o outro; nosso filho se comporta de forma impecável porque isso diz sobre
a mãe ou o pai que sou. Esse comportamento diz sobre ele, diz sobre em que momento do
desenvolvimento se encontra, diz sobre o que consegue e o que está aprendendo, diz sobre
sua necessidade e como podemos ajudá-lo a comunicar isso de forma melhor. Se disser
sobre nós, perdemos espaço de atuação e de educação.
Por que a birra acontece? Normalmente esse momento vem na sequencia de alguma
necessidade não atendida, frente a uma experiência de frustração. Como a criança ainda
não tem habilidade de comunicação com argumentos, percepção de desconforto e também
de suas emoções, tudo isso sai do jeito que for em busca de ter o que quer, viver o que
quer, etc.
Sabendo disso, nosso foco é a localização da frustração disparadora para que, a partir
dessa percepção, possamos acolher e compreender a criança e sua necessidade.
Podemos considerar a criança em sua necessidade sem desconsiderar você no
processo. O processo de aprendizado não está pronto e não estará pronto. A cada
oportunidade aprendemos mais sobre o outro e sobre nós mesmos. A mesma coisa
acontece com as crianças. Aprendem mais sobre si mesmos e sobre o espaço do outro,
sobre o fato de o outro existir. Sobre o fato de não ser somente sobre o meu desejo e sim
sobre aprender que também tem que estar bom para o outro. Quando abrimos mão de nós
mesmos, afirmamos que é só sobre a criança e, nesse sentido, lidar com seu desejo e
frustrações vai ficar mais difícil ao invés de mais fácil.
Quando saímos da expectativa e exigência e reconhecemos o aprendizado de todos os
envolvidos e damos a criança o estímulo ao aprendizado, ao respeito, à consideração do
outro além de si mesmo, convidamos a criança a lidar consigo mesmo e com os estímulos
a sua volta de uma nova forma. A comunicação começa a surgir, as crises de choro
diminuem e os recursos são desenvolvidos. Vamos tentar?
Com amor,
Dani
Bibliografia e Indicação de Leitura:
• A coragem de ser imperfeito (Brené Brown)
• Em busca de sentido (Viktor Frankl)
• Comunicação não violenta (Marshall Rosenberg)
• A morte é um dia que vale a pena viver (Ana Claudia Quintana Arantes)
• Uma nova visão (David Powlison)
• Pairando acima dos problemas da vida (Jack Hartman)
• Temperamentos transformados (Tim Lahaye)
• The Cry of the soul (Dr Dan Allender)
• Bíblia Sagrada